Publicada numa revista científica, a pesquisa sugere que a prática poderia fortalecer o sistema imunológico e tornar o organismo menos resistente à presença do feto, aceitando-o melhor
A afirmação no mínimo estranha de que engolir o sêmen do parceiro durante o sexo oral pode prevenir aborto agora é defendida também por alguns pesquisadores, como os do Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda, que acreditam que a ingestão de sêmen fortalece o sistema imunológico da grávida, de maneira que o feto tenha mais chances de se desenvolver saudável. A explicação é que no líquido contém, segundo eles, hormônios e proteínas do corpo do homem que ajudam na tolerância do organismo ao feto. Os pesquisadores dizem ainda que a exposição vaginal ao sêmen – sexo desprotegido – também pode ter um papel importante em um casal tentando engravidar, mas que o sêmen pode ser mais bem absorvido no intestino.
Para chegar a essas conclusões, os cientistas testaram suas teorias comparando o histórico de gravidez e os hábitos sexuais orais de 234 mulheres e notaram que as que tinham passado por abortos regulares faziam menos sexo oral do que as que não haviam abortado: 73% das mulheres do grupo não-aborto mantinham esse tipo de prática sexual, enquanto apenas 57% das mulheres no grupo de aborto oo faziam. O estudo foi publicado no Journal of Reproductive Immunology.
Até então, as pesquisas se concentravam em analisar a biologia da mãe. No artigo os pesquisadores disseram que a exposição oral ao fluido seminal parece influenciar o resultado da gravidez de maneira positiva
Eles reconhecem, no entanto, que o estudo ainda é pequeno e ainda faltam evidências de que a deglutição de espermatozóides estivesse levando à taxa mais baixa de aborto espontâneo. Ainda assim, acreditam que os resultados são fortes o suficiente para sugerir uma ligação entre engolir o sêmen e a proteção ao feto.
Possíveis causas do aborto espontâneo
Estima-se que 80% dos casos de aborto espontâneo são decorrentes de anomalias cromossômicas, ou seja, embriões que não se desenvolvem bem já nas primeiras etapas da divisão celular e, assim, não têm condições para sobreviver. Os outros 20% ficam por conta de problemas de saúde da mulher, como doenças autoimunes, quando o corpo rejeita o feto como um organismo estranho e invasor; problemas endócrinos, como deficiência na produção de progesterona; alterações no funcionamento da tireoide; miomas uterinos; colo do útero aberto; obesidade ou magreza extrema; e predisposição à trombose.
Também merecem atenção, segundo os médicos, os hábitos de vida. Embora nenhuma pesquisa científica seja conclusiva sobre como fatores externos podem influenciar no aborto, é preciso ter cautela com algumas práticas. “Indico diminuir a ingestão de cafeína (até três xícaras de café por dia), ficar longe de drogas, álcool e alimentos crus, que podem causar infecções graves no início da gestação. Além disso, é preciso evitar medicamentos e vacinas sem orientação médica. Quanto mais saudável a mulher estiver, maiores são as chances de a gravidez progredir”, diz a ginecologista e obstetra Fabiana Ruas, coordenadora do pronto-socorro ginecológico do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
Fonte: Revista crescer
Créditos: Revista crescer