Em Bananeiras, dia 21

foto1Rubens Nóbrega

Se tudo der certo, lanço ‘Histórias da Gente’ sexta-feira que vem (21) em Bananeiras, cenário principal das crônicas e arremedos de contos que compõem o livro de estreia deste arremedo de escritor.

O lançamento deve acontecer às cinco da tarde no solário do Serra Golfe Apart Hotel, local que me foi gentilmente cedido pelo Professor Alírio Trindade Leite, um dos proprietários daquele estabelecimento.

Só não dou a realização do evento como prego batido e ponta virada porque dependo ainda do acerto de detalhes, de tempo e condições objetivas para prepará-lo e realizá-lo de acordo com o que Bananeiras merece.

De qualquer modo, considerando que é de quase cem por cento a chance de fazer acontecer, apresento agora meu pedido de desculpas aos leitores desta coluna. Por forçá-los a ler mais uma vez neste espaço informações sobre a obra literária do autor.

Trata-se, evidentemente, de uma necessidade de caráter pessoal, mas prometo que esta será a penúltima oportunidade em que me valerei da condição de colunista para divulgar mais um lançamento do meu livro.

Só deverei repetir pela última vez o pecado da autopromoção quando do possível lançamento de ‘Histórias da Gente’ em Campina Grande. Um amigo por demais importante na Vila Nova da Rainha ficou de organizar.

No mais, se o de Bananeiras ocorrer dentro dos conformes, conto com a presença de conterrâneos adotivos ou contemporâneos da ‘velha infância’ vivida por lá.

Espero ainda deles a generosidade, identidade com o conteúdo do livro e até mesmo condescendência diante de possíveis erros, omissões ou equívocos que encontrarem no texto das histórias, que foi editado com alguns pecadilhos de revisão. Não comprometem o conjunto da obra, claro, mas…

No mais, como venho dizendo desde o início, lembro que este livro é uma ficção baseada em pessoas e fatos reais, mesmo quando o autor se apresenta como personagem e dá a impressão de ter colocado suas reminiscências em letra de forma tal como elas se deram no passado.

As histórias de Guiany

A assistente social Guiany Campos Coutinho é bananeirense de coração feito este colunista. Nasceu em Natal (RN), mas foi gerada e criada em Bananeiras, onde viveu seus melhores momentos de menina e mocinha, segundo a comovente mensagem que me enviou anteontem por i-meio.

Ela me escreveu após ler ‘Histórias da Gente’ e diz que desde o começo da leitura sentiu-se parte das histórias ambientadas em Bananeiras, “por conhecer quase todos os personagens, espaços físicos e temporais de nossa terrinha”.

Guiany ressalta ainda: “Bananeiras está nas minhas entranhas e ‘Histórias da Gente’ me fez mergulhar no meu mundo, no nosso mundo”.

De fato, pelo que narra depois de episódios de sua infância e adolescência, ela é seguramente uma das personagens de um livro inspirado em sua maior parte por um determinado lugar, mas poderia vir de qualquer lugar do mundo, onde todas as histórias “da aventura humana na Terra” são possíveis.

Incluindo aquelas histórias que contei ou inventei e a que vai a seguir, de autoria do Professor Márcio Luís.

Ao querido Papai Noel

Meu nome é Juquinha e tenho 12 anos. Não sei se você existe, mas já apelei para todo mundo e não custa nada apelar para você também. Dizem que na noite de 24 para 25 de dezembro você sai voando pelo mundo inteiro levando presentes e realizando desejos. Não quero brinquedo, roupas ou alimentos.

Gostaria mesmo é que alguns dos meus desejos fossem realizados.

Eu moro na cidade de Blablablá, no Nordeste do Brasil. Pelo que me disseram, você conhece os quatro cantos do planeta Terra, mas a minha dúvida é se o Nordeste brasileiro fica mesmo neste planeta.

Mas, voltando aos desejos, eu gostaria que no próximo ano a coleta de lixo fosse constante no bairro onde eu moro, porque há mais de um mês vem se formado uma montanha de detritos em frente a minha casa e o odor está insuportável. Gostaria também que não faltasse mais água, pois estou cansado de tomar banho de cuia. Por fim, e mais importante, se for passar por aqui, deixe para fazer isso quando já estiver terminando o seu trabalho. Pode ser até mesmo a última cidade a ser visitada.

Só assim o seu trenó estará vazio e você poderá recolher a cambada de vagabundos, políticos corruptos e todos os hipócritas que atrapalham o progresso da minha cidade e vivem a explorar o nosso povo humilde e trabalhador. É possível que o seu trenó fique sobrecarregado, mas tenha boa vontade, é para o bem do povo.

Tire esses canalhas daqui, leve-os para a Lapônia. Fica ao seu critério se vai deixá-los congelar no meio da neve ou aproveitá-los como mão de obra em sua fábrica de brinquedos (só assim eles fariam alguma coisa de proveito).

Preciso confessar que há alguns anos deixei de acreditar em você. Mais recentemente também deixei de acreditar no Ministério Público, na Polícia, na Justiça e em qualquer outra instituição pública que pretendesse punir bandidos ricos no Brasil.

Por isso você pode estar se perguntando por que estou perdendo tempo escrevendo esta carta. Muito simples: você é uma ficção que não é financiada com dinheiro dos meus impostos, como tantas outras neste país.

Sou Márcio Luís, Professor na Paraíba, e peço a sua bênção.