ELES ERAM BANDIDOS OU MÁRTIRES NA TELEVISÃO?

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Do ponto de vista estético, José Dirceu e José Genoino tiveram, na noite de ontem, uma vitória; embora tenham sido presos num feriado, como se fossem bandidos de alta periculosidade, não foram apresentados algemados e tiveram a oportunidade de transformar a prisão num gesto político, quando ambos cerraram os punhos; enquanto noticiava o caso, Tonico Ferreira, da Globo, era cercado por manifestantes que lembravam uma verdade dura: a Globo apoiou a ditadura, combatida por Dirceu e Genoino; Eduardo Guimarães, editor do Blog da Cidadania, estava lá e conta como foi; vídeos

Ainda que tenham sofrido uma derrota jurídica, José Dirceu e José Genoino colheram ontem uma vitória, do ponto de vista político e estético. Por mais que Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, tenha se apressado em determinar prisões em pleno feriado, como se o Brasil estivesse à caça de bandidos de alta periculosidade, ambos puderam transformar a derrota num gesto político. Com os punhos cerrados, apresentaram-se ao público – e aos militantes que os apoiavam – como vítimas de um julgamento de exceção e como “presos políticos”. E com a vantagem de terem evitado as algemas.

A imagem histórica, de duas lideranças petistas presas na noite de ontem, não foi, portanto, a de marginais algemados, como seus opositores desejariam, mas a de dois políticos que se veem como vítimas de uma violência – e que prometem continuar lutando. E que contam com o apoio de militantes, que fizeram a Rede Globo passar por um constrangimento histórico. O repórter Tonico Ferreira mal conseguia noticiar as prisões. O que se ouvia era: “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”. Uma ditadura, aliás, combatida por Dirceu e Genoino.

Quem estava lá e acompanhou tudo de perto e relata o que aconteceu é o blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania e do Movimento dos Sem-Mídia. Leia abaixo:

Petistas enfrentam Globo e Band durante protesto contra prisão de Dirceu e Genoino

Por volta das 18 horas de 15 de novembro de 2013 cheguei à sede da Polícia Federal em São Paulo. Algumas poucas dezenas de amigos, parentes e companheiros de partido de José Dirceu e José Genoino gritavam palavras de ordem contra a prisão de ambos, que estava ocorrendo no local.

Além de dezenas de repórteres e cinegrafistas, a rua em que fica a sede da PF estava congestionada pelas respectivas unidades de reportagem, automóveis e até helicópteros de meios de comunicação, que faziam imagens aéreas do protesto. Foi duro encontrar vaga para estacionar. Havia mais imprensa do que manifestantes.

Quando cheguei, Genoino já tinha passado pelos que ali estavam para apoiá-lo, fez um gesto que emocionou os que lá estavam e desapareceu dentro do complexo da PF. Dirceu ainda estava por chegar.

Aos poucos, as pessoas vieram chegando para se juntar à manifestação. Por volta das 19 horas, quando Dirceu chegou, já passavam de cem.

Protestavam pacificamente, gritavam palavras de ordem, empunhavam cartazes com frases de apoio aos dois companheiros. Todavia, alguns dos enviados pelas empresas de comunicação começaram a fazer provocações.

Um tal de “Gui Santana”, do programa Pânico, da Band, passou a acusar Dirceu e Genoino de “roubá-lo”. Entre a equipe da Globo, dois homens corpulentos se aproximavam de manifestantes e faziam piadinhas com a desgraça que ora se abatia sobre os amigos deles. Brasil247