Eleições: e esse primeiro turno?

Por Sérgio Botêlho

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Ainda é muito cedo para que seja possível antever, com precisão, como vai terminar a história do primeiro turno das eleições presidenciais deste ano. Os números das pesquisas divulgadas esta semana, contudo, confirmam que o candidato tucano, com elevada probabilidade, é carta fora do baralho a ser traçado no segundo turno eleitoral.

Desde que aconteceu a tragédia que matou o candidato original do PSB, o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, que a disputa eleitoral mudou de figura. E mudou, radicalmente, em virtude da entrada em cena da nova candidata socialista, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva.

A carga emocional que envolveu a morte de Campos e a substituição da candidatura pela ambientalista Marina promoveu uma ascensão meteórica da nova pretendente, nas intenções de votos dos eleitores. Porém, a decantação paulatina entre o que era consistência e comoção estabilizou o processo, embora firmando Dilma e Marina à condição de estrelas maiores da sucessão.

Sobrou mesmo para o ex-governador mineiro, e senador, Aécio Neves, do PSDB. Ele, que vinha polarizando com a candidata petista, e atual presidente da República, Dilma Rousseff, caiu vertiginosamente, passando de aspirante ao segundo turno a simples candidatura garantidora desse mesmo segundo turno. Em resumo: terceira via.

Nesse momento da campanha as pesquisas revelam que Dilma vem se recuperando, tendo o Ibope desta sexta-feira, 12, apresentado a candidata governista com 39% dos votos, a um ponto de sua maior pontuação deste ano (40%, em março) deixando Marina oito pontos atrás, com 31%, e Aécio com os mesmos 15% da última apuração Ibope (03 de setembro).

Nesta sexta-feira, 12, conversei com um conterrâneo, e entusiasmado marinista, que expôs seus temores: se Dilma subtrair mais uns seis pontos de Marina, indo a 45%, a vitória governista aconteceria ainda no primeiro turno, mantido o atual piso eleitoral de Aécio nas intenções de votos, em 15%, o que parece uma posição consolidada.

Perdendo esses quatro pontos, diz o socialista, Marina cairia para 26%. Com os 15% de Aécio e os 2% dos chamados nanicos, conforme a pesquisa Ibope, a soma dos adversários de Dilma seria de 43%. Excluídos os votos brancos, nulos e abstenções, contabilizados apenas os votos válidos, Dilma alcançaria mais de 50% dos votos, resolvendo a parada no primeiro turno.

Agora, aqui pra nós: 6% de votos é muita gente. Cerca de 8.500.000 votos. Muito perto, todavia, do que Dilma conseguiu de 27 de agosto, a primeira pesquisa Ibope realizada após a morte de Eduardo Campos, até a de hoje: 5%, em 16 dias. Daquele dia para esta sexta-feira, 12, Marina chegou a ganhar quatro pontos, indo a 33% em 03 de setembro. Perdeu dois, desses quatro, em nove dias.

 

Não dá para confirmar a apreensão do marinista. Há pouco mais de 20 dias para a realização do pleito, o que é uma eternidade. Muita coisa pode acontecer daqui até o dia 05 de outubro. Sobretudo, o acirramento da campanha, e dos discursos. Qual será o rescaldo dessa excitação geral, é que ninguém sabe.