Eleger Tatiana é questão de honra para “Vené”

Nonato Guedes
O prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, deixa transparecer que vai se empenhar pela eleição da candidata do PMDB, Tatiana Medeiros, à sua sucessão, porque se trata de uma questão de honra na luta contra adversários e, por extensão, uma questão de sobrevivência política do esquema que divide juntamente com o irmão, senador Vital Filho. Escaldado com a atitude de ex-auxiliares da administração, filiados ao PT, que largaram o barco de Tatiana e se incorporaram à campanha de Daniella Ribeiro (PP), Veneziano tem feito reuniões com os remanescentes de sua confiança na equipe, a quem pede engajamento máximo na articulação da campanha. Deixa no ar um tom ameaçador, ao insinuar que os que não estiverem de acordo com o projeto político do grupo, tenham a presteza de desembarcar dele. O mantra da lealdade passou a ser sagrado nos domínios do ‘clã’ peemedebista, que tem, ainda, a deputada federal Nilda Gondim, mãe de Veneziano e Vital, como expressão destacada.
O prefeito e sua pré-candidata ficaram revigorados com a manifestação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que num evento de inauguração de uma UPA em Campina Grande, deitou falação contra petistas trânsfugas, fazendo observações, inclusive, sobre o caráter das pessoas. Aparentemente ditas em tom subjetivo, as palavras do ministro calaram fundo por traduzirem o endosso à manutenção da parceria entre o governo federal e a gestão pilotada pelo peemedebista, que está prestes a concluir o tempo de permanência no Palácio do Bispo. Por sua vez, o senador Vital, que preside a CPI do Cachoeira, tenta conciliar o trabalho estafante e desgastante de condução das investigações no âmbito parlamentar sobre as ligações do contraventor Carlos Augusto Ramos com agentes públicos e privados com o acompanhamento da ofensiva para alavancar a candidatura de Tatiana. A expectativa no agrupamento familiar-peemedebista da Rainha da Borborema é a de que tenha havido crescimento da postulação de Tatiana junto a parcelas do eleitorado que teoricamente estariam migrando para Daniella ou para o candidato do PSDB, o deputado federal Romero Rodrigues.
A disputa é cada vez mais emocionante pela circunstância de que as duas pré-candidatas têm simpatias no Planalto. Enquanto o ministro Padilha reforça Tatiana, a presidente Dilma Rousseff renova manifestações de apreço ao ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, irmão de Daniella, convocando-o para eventos de repercussão nacional e facultando-lhe, sempre, o direito de discursar nas solenidades. É remota a hipótese da presidente envolver-se na disputa paroquial em Campina Grande, justamente por abarcar aliados e aliadas do Planalto. De resto, Dilma mantém a postura, em âmbito nacional, de deixar as demandas eleitorais da campanha para protagonistas influentes como o ex-presidente Lula, ainda recuperando-se de problemas de saúde e para as lideranças locais diretamente enfronhadas no moedor de carne para a conquista de votos. A sobrevivência do ‘clã’ de Veneziano e Vital está em jogo porque o atual prefeito alimenta a pretensão de ser candidato a governador em 2014. O apoio do PMDB para esse desideratum seria uma forma do partido se redimir do episódio constrangedor de 2010, quando José Maranhão, que havia voltado ao Palácio da Redenção com a cassação do mandato de Cássio Cunha Lima, partiu para nova disputa majoritária, preterindo Veneziano, sendo derrotado por Ricardo Coutinho. O ex-governador, aliás, tem o pretexto de não poder se dedicar mais de perto à disputa em Campina diante do rolo compressor que deve enfrentar em João Pessoa, onde concorrerá à sucessão de Luciano Agra. Versões de bastidores, não confirmadas, sinalizam que Maranhão teria discordado do desfecho da “solução campinense” por avaliar que seria mais tático, do ponto de vista eleitoral, o grupo de Veneziano compor-se com Daniella Ribeiro. Especulações à parte, Maranhão tem feito voto de silêncio sobre a briga ferrenha que se desenrola em Campina Grande. Nesse reduto, quem não tem fichas, aparentemente, é o governador Ricardo Coutinho, que pode se compor com Romero Rodrigues, sem suar a camisa. A tarefa será delegada ao vice-governador Rômulo Gouveia, presidente estadual do PSD e avalista do apoio à candidatura de Romero em aliança com o PSDB.