Presidente do PSB nacional e governador do estado de Pernambuco, Educardo Campos declarou em entrevista à Folha que não está em campanha para a presidência. Ele promete que apoiará Dilma em 2014 e afirma que não está se descolando do PT. “Não há como descolar o que não está colado”. Elogia Lula, mas lembra a todo o momento do legado de Fernando Henrique Cardoso –cujo texto sobre a oposição leu duas vezes.
As declarações de Campos refletem diretamente no estado da Paraíba, onde aliados do governador Ricardo Coutinho (PSB) já se manifestaram publicamente sobre as intenções do socialista em disputar a presidência no peito futuro.
Nesta entrevista ele se declara preocupado com a economia e faz uma avaliação da cena política.
Folha – O sr é candidato à presidência em 2014?
Eduardo Campos – Não. O cenário para 2014 aponta como natural a candidatura à reeleição da presidente Dilma. Nós estamos no projeto dela. Fizemos uma aliança estratégica com o PT, mantendo nossa identidade. Nunca tivemos uma posição subserviente. Essa posição fez o PSB crescer. Fomos o partido que mais cresceu nas ultimas eleições. Não temos porque alterar esse rumo estratégico. Na política não tem fila.
Mas há a avaliação de que a sua campanha que está no ar significa um descolamento da presidente. O sr. fala em novo caminho pra o país.
Não há como descolar o que não está colado. Temos uma aliança política, mas temos identidades próprias. O Brasil foi caminhando, conquistamos a democracia, a Constituição, direito a ter regras estáveis, a estabilidade econômica, agora a causa da sustentabilidade, a responsabilidade fiscal. Há um grande consenso brasileiro sobre esses valores. O governo do PSDB ajudou com a estabilidade fiscal. O governo Lula ajudou colocando o dedo na desigualdade. No PSB queremos ser uma opção, um caminho para governar cidades, Estados.
E a presidência?
E um dia será natural. Acredito que o dia do PSB não é em 2014.
Que avaliação o sr. faz da cena política, com a base governista inchada e a oposição em crise?
Uma coisa dialoga com a outra. A oposição foi se deslocando da pauta real e foi ficando com uma pauta muito institucional. A campanha foi das mais despolitizadas. Quando isso acontece, quem ganha sai muito fortalecido porque quem perde não deixa um pensamento.
Isso explica o movimento de Kassab e seu novo partido?
Sim, a falta de perspectiva, depois da terceira derrota consecutiva. Leva naturalmente o governo a ficar muito forte e a oposição muito fragilizada. Isso é constante? Não. Esse quadro é dinâmico.
Para onde vai isso? A oposição vai se recompor, unificar partidos?
Os grandes movimentos não vieram dos partidos políticos. Vieram da rua. A campanha das diretas, o impeachment, a vitória de Fernando Henrique Cardoso. A oposição vai precisar fazer o debate para encontrar a proposta do futuro.
No que vai resultar o PSD?
Isso se insere no processo desse conjunto em que Kassab sempre esteve. Como não tinham mais caminho estão tentando se reinserir no quadro político sem ter uma posição automática contra o governo. Na base do governo convivem forças políticas que não são diferentes das forças que estão entrando no PSD.
Uma base tão ampla e com interesses conflitantes não paralisa o governo?
Uma grande coalizão como essa, num determinado momento, corre o risco de não existir mais e a alternativa é sair da própria base. É um processo cíclico.