As ondas estão agitadas. O mar está revolto ( e revoltado também ), não menos do que o espírito do povo brasileiro, que sabe que vinha sendo negligente com os cuidados de proteção ao país – só porque confiava nos políticos e na qualidade moral das autoridades constituídas.
De repente a sociedade é sacudida por uma tempestade devastadora. E quem está no epicentro do furacão marítimo de dimensões catastróficas ? Precisamente as autoridades e os políticos. Todos detentores da confiança coletiva para cuidar dos interesses da nação e para garantir a paz social e o bem-estar, atributos que transformaram em utopia, e de sonho em pesadelo.
Velhacaria infame, ladina, sem vergonha ! E ainda há entre eles quem não assume seus pecados e transfere culpas, num cinismo sem precedentes na história do mundo moderno, onde, diferentemente de outros tempos, as informações são livres e instantâneas. Esses delinquentes e seus aparelhos criminosos foram estourados por uma imprensa livre, reprojetada em escala geométrica pelas redes sociais não patrocinadas.
Apesar da resistência de vários setores e agentes encastelados ainda nas cercanias dos poderes da República, o maremoto já está derrubando os muros e invadindo as cidadelas do crime organizado. O povo está estupefato vendo o mar varrer seus territórios e revirar os palácios onde habitam os deuses indignos da admiração popular, mas que eram vistos como santos . É um grande momento de limpeza espiritual do país, agora chegando ao judiciário, a vestal entre os poderes.
Mas nem chegamos ainda ao meio da catástrofe. As águas da santa ira coletiva – que agora empurra as ondas bentas – vão alcançar outros pedestais. Não sobrará uma estátua incólume de nossos apodrecidos heróis vivos.
A essas alturas do tsunami LAVA-JATO, o banco de dados de Moro e sua equipe já mapeou todo o olimpo, lugar onde moram as divindades amorais que fizeram do Brasil o pior antro de gatunagem do mundo na atualidade. Mas vem por aí a fase Jim Jones das investigações . Jim Jones foi aquele que levou mais de 900 pessoas ao suicidio/assassinato coletivo em 1978, em Jonestown.
Pois bem, a Lava-Jato e Moro vão levar os pecadores ao desespero. Assistiremos em breve tempo ao pacto forçado mela-mela , em que uns, para não se afogarem sozinhos, melarão também os outros. É a mais democrática distribuição de culpas nas Américas. Uma espécie de afogamento coletivo. Bacana. Melhor dizendo: Hosana . Nas alturas.
Fonte: Gilvan Freire
Créditos: Polêmica Paraíba