Lena Guimarães
Os estrategistas ensinam que não se deve comprar nenhuma briga que não se possa ganhar. Contudo, o governador Ricardo Coutinho, sem condições de vencer nenhuma votação, decidiu desafiar a Assembleia Legislativa e enfrentar as forças que comandam a Casa e que vão julgar a prestação de contas do seu governo nos próximos dias. E se forem rejeitadas, podem complicar sua caminhada pela reeleição.
A opção de Ricardo Coutinho pela “guerra” é resultado da convicção de que não lhe restou outra alternativa, uma vez que o clima atual seria resultado da decisão de não ceder a velha prática política do “é dando que se recebe”, mesmo correndo esse risco político.
A explicação foi o próprio Ricardo quem deu durante entrevista ao Rede Debate, da RCTV, quando admitiu a disposição de ir para o tudo ou nada contra a maioria que estaria planejando tirá-lo da disputa deste ano, tornando-o inelegível a partir da reprovação das suas contas.
Ricardo garante não ter nenhuma dúvida sobre a existência desse movimento. Mas não pretende esperar seu resultado de braços cruzados. Se não tem o apoio de quem decide na Assembleia, vai buscar o apoio de quem elege os que estão na Assembleia: os eleitores. E pretende fazer isso comparando suas contas com as dos antecessores e expondo as dos deputados, para que os cidadãos julguem.
Ricardo Coutinho não vai a audiência pública convocada pela Assembleia para defesa prévia ao governo. Considerou-a como “provocação clara”. Sustenta que sua defesa é a súmula do TCE. Mas, avisa que aceita o debate se contar com a participação do Ministério Público e se envolver também a prestação de contas da Assembleia, que custaria R$ 20 milhões por mês aos paraibanos.
Pelo que diz, Ricardo levantará a bandeira da ética na política, colocando os deputados como fisiologistas e clientelistas. Ele repete a estratégia que usou na tramitação do aval para empréstimo da Cagepa, quando denunciou chantagem de deputados e atacou abertamente o presidente, Ricardo Marcelo. E saiu vitorioso. O aval foi aprovado.
Diferente de 2013, quando havia equilíbrio entre governistas e oposicionistas, agora a oposição tem mais de 2/3 dos votos e a campanha já começou, ou seja, os deputados não estarão sozinhos. O desfecho interessa também aos que enfrentarão Ricardo nas urnas. Ou seja, tudo pode acontecer, até mesmo cobra fumar cachimbo.
TORPEDO
Isso vem sendo arquitetado há um bom tempo. Estão assumindo risco político enorme. É um golpe. O ato é grave porque atenta contra a própria democracia.
Do governador Ricardo Coutinho, denunciando existência de um plano da oposição na ALPB para rejeitar suas contas e torná-lo inelegível.
Definições
A semana promete ser de decisões sobre alianças, envolvendo grandes partidos. O DEM pode decidir, ainda hoje, entre Ricardo Coutinho e Cassio Cunha Lima. Se dependesse só dos deputados, o tucano seria o escolhido.
PT, PMDB e PR
O encontro do PT, marcado para sábado, vai decidir sobre aliança com o PMDB. O fato novo é que deve incluir no pacote o presidente do PR, deputado Wellington Roberto para Senador, ficando com a vaga de vice-governador.
Apoio a Dilma
Enquanto avaliam, o PP do ministro Aguinaldo Ribeiro e o PTB de Wilson Santiago, cobiçados tanto por Ricardo Coutinho como por Cássio Cunha Lima, preparam frente para deixar claro apoio à reeleição da presidente Dilma.
Boa notícia
Na entrevista na RCTV, Ricardo Coutinho disse que nenhum dos aprovados para a Polícia Civil perderá o concurso realizado em 2008 e que está para vencer. Primeiro serão chamados os que fizeram curso, depois os outros.
ZIGUE-ZAGUE
+ O pernambucano Fernando Veloso foi anunciado, ontem, como primeira contratação para equipe de marketing da campanha de Ricardo Coutinho à reeleição.
+ Com cinco campanhas vitoriosas para o governo da Paraíba – a 1ª foi a de Ronaldo Cunha Lima – José Maria e Jurandir Miranda são os trunfos de Cássio Cunha Lima.
+ Com aval de Veneziano e de Vital do Rêgo, Dércio Alcântara vai a São Paulo conversar com o publicitário Stalimir Vieira, que deve participar da campanha do PMDB.
Mais burocracia e custos
A Secretaria de Planejamento de João Pessoa está ajudando no faturamento dos cartórios. Agora é obrigatório emitir procurações públicas para encaminhar processos no âmbito da pasta. Caso o empreendimento tenha quatro sócios (caso da fonte), isso pode custar cerca de R$ 320,00 para uma simples procuração. Nem cópia das escrituras estão mais aceitando, mesmo que o proprietário apresente o documento original. Tem que ir ao cartório e pagar as altas taxas cobradas. Mais burocracia, mais recursos para os pobres cartórios.
PONTO FINAL
Candidato apoiado pelo ex-ministro das Cidades, deputado Aguinaldo Ribeiro, Wlademe Macedo é o novo superintendente da CBTU na Paraíba, vaga que foi ocupada por Lucélio Cartaxo, que saiu para disputar mandato de deputado federal.