É chegada a hora de Veneziano se despedir de sua candidatura. É uma pena

CÁSSIO, VENÉ E MARANHÃO NO FILME MUDO

Gilvan Freire

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É chegada a hora de Veneziano se despedir de sua candidatura. É uma pena. Ele é o único líder das novas gerações capaz de enfrentar Cássio com ímpeto desafiador, contrapondo estilo pessoal e carisma de viés diferente. Nas aparências, até que são muito parecidos: cultuam a beleza plástica e a magia dos cabelos (franjas e caracóis) como armas do magnetismo popular e adotam gestos teatrais sob medida para eletrizar as multidões, especialmente os jovens e velhos, de modo particular as mulheres. Os dois criaram uma época de glamour no Estado, nucleada em Campina Grande, de onde se irradiou para toda a Paraíba.

VENEZIANO E CÁSSIO AINDA TÊM EM COMUM O CULTO ÀS PERSONALIDADES DOMESTICAS, às quais reservam os melhores discursos e os mais calorosos sentimentos, sem esquecerem de aquinhoá-las com os melhores cargos políticos e administrativos, seguindo a máxima “Mateus, primeiro os teus!”. Essa ‘mateusada’ glamourosa para eles é, porém, um dos focos do subdesenvolvimento cultural-político-econômico do Estado, porque a Paraíba pertence hoje a esses grupos oligárquicos, bastante ampliados na geopolítica estadual, agora gemelada em Luciano Cartaxo, o novo ator do atraso. E haja dinheiro público para financiar esses projetos da consanguinidade! Isso é uma poda perversa dos novos vocacionados da política, que precisam de oportunidade e espaço mas não pertencem a essas dinastias inconscientes e usurpadoras.

 

                                    MARANHÃO SAI DO ECLIPSE SOLAR

 

Enquanto Veneziano sai do foco porque a luz própria não estava mais lhe dando visibilidade suficiente para iluminar o palco da disputa, pelas várias razões que abordaremos nesta sexta, Zé Maranhão assume o papel central de maior líder do PMDB, algo que ele já exercia  de fato perante os militantes do partido mas que vinha transferindo a Veneziano, para ele solidificar seu projeto de candidatura. Maranhão, embora seja o mais ouvido pelos líderes e pelos eleitores partidários, que o têm na conta de um líder maduro, respeitável e confiável, experimentado na arte de resolver conflitos e conduzir os destinos do partido, desejava passar aos novos líderes a administração do processo eleitoral, para não ser mais acusado pelos jovens agentes de ser centralizador e querer o melhor cargo para si.

 

SAINDO DA LUZ PARA A SOMBRA e delegando aos novos a gestão dos interesses partidários, mesmo sem se omitir em nada, Maranhão assistiu ao partido se esfacelar e debandar por partes para outros núcleos da disputa de 2014. Ficou abatido, angustiado, apesar de ainda ser o líder estadual de maior projeção e melhor conceito quando se trata de os eleitores apontarem o candidato preferido da maior fatia do eleitorado para a vaga senatorial entre todas as opções já cogitadas. O drama do PMDB, que agoniza a falta da presença de Maranhão no comando central, tratado com desconsideração pelos mais ambiciosos (que os tem perdoado por amor ao partido) e até pela presidente Dilma – fraca de atitude e reconhecimento, a quem foi fiel em 2010 – é um drama cujas consequências são imprevisíveis nesta antevéspera do desmonte definitivo da candidatura de Veneziano.

 

TODOS OS CONCORRENTES ESTÃO DE OLHO NO ESPÓLIO DO PMDB, mas Cássio parece não compreender que seu antigo e cruento ex-adversário Zé Maranhão é, no imaginário dos eleitores partidários do Estado, o único nome que tem o tamanho da sigla e a maior autoridade para celebrar uma pacificação entre o maranhismo e o cassismo, à rigor as duas facções que estão ainda na grande disputa destas eleições que se avizinham, não obstante os tropeços de Veneziano. Maranhão não diz o que pensa, mas sempre garantiu que o PMDB não se acaba enquanto ele for vivo. E ele não está morto – mas atento ao clamor das bases partidárias para apontar os rumos do PMDB.