Rubens Nóbrega

Em algum dia do ano passado publiquei a triste e revoltante história da vã e desesperante corrida de duas filhas por hospitais da Capital em busca de atendimento de emergência para um pai idoso e muito doente. Em hospitais públicos, do Edson Ramalho ao Trauma, nada conseguiram. O velho, levado no banco traseiro de um táxi porque a ambulância do Samu não apareceu ou não quis pegar, só veio a receber alguma atenção – de favor, por pena – num hospital privado.
Hoje, ele vive (?) sobre uma cama, aos cuidados exclusivos da família, em especial de uma das filhas, Íris, ex-estudante de Enfermagem, forçada a abandonar o curso ano passado para cuidar da mãe, que veio a falecer de câncer. Depois de contar aqui o sofrimento que passou com o pai, ela retorna à coluna para contar também – abertamente, assumidamente – o que sofreu à procura de socorro, diagnóstico e tratamento para a mãe. O seu relato dá bem uma ideia do que significa depender dos serviços públicos de saúde de responsabilidade da Prefeitura da Capital e do Governo do Estado sob a Nova Paraíba. Acompanhem, por favor, a partir deste ponto.

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Em 2009, fazia Enfermagem. Entre muitas razões, tranquei o curso, pois faltava demasiadamente. Minha mãe – forte como uma fortaleza – aparecera doente, sangrava pela boca e pelo nariz por vários e vários minutos. Levei-a a todos os médicos quanto pude. Clínico Geral, Cardiologista, Otorrinolaringologista, Endocrinologista, Reumatologista…
Todos, do ponto de vista de suas especialidades, disseram que mamãe nada tinha. Seu coração era forte como o de uma menina de 15 anos. Levei-a, então, a vários pneumologistas. Todos pediram Raios X. Havia uma pneumonia. Ao término de oito dias de antibióticoterapia, ao repetir o RX, o radiologista sugeriu uma Tomografia Computadorizada. A pneumonia não houvera regredido.
O pneumologista de pronto solicitou a Tomografia e nos disse que era urgentíssimo. Fui ao PSF, marquei a tomografia e 15 dias depois fomos realizá-la, mas – Meu Deus! – o Tomógrafo não comportava a paciente. Mamãe tinha 172 kg. O único aparelho que poderia fazer o seu exame seria o da EcoClínica e nós não tínhamos dinheiro. R$ 550,00 era o preço de um diagnóstico que poderia ter-lhe salvo a vida ou ao menos lhe prolongado os dias.
Disseram-me na época: “Dê entrada na Secretaria de Saúde do Município”. Assim eu fiz. Processo nº 05385/2009. Hoje, 9 de janeiro de 2012. Minha mãe faleceu de câncer no dia 30 março 2011. Há nove meses e dez dias, portanto. E até hoje aguarda autorização da Secretaria de Saúde de João Pessoa para realizar aquele exame.
Foi por isso que não consegui ficar calada quando a mesma omissão de socorro ocorreu com meu pai. Já havia perdido minha mãe e só meu pai me restava – a única jóia que me sobrou e foi cortada ao meio pelo mesmo gestor: Ricardo Vieira Coutinho.
“Não tem prestador”, era a única resposta! Antes de assumir minha bolsa de estudos na faculdade Iesp, era eu Agente de Saúde do Município de João Pessoa, concursada pelo Certame de 2007, no qual passei em 1º lugar para a Micro-região da Torre I. Fui a única ACS dos sete aprovados a assumir o cargo, na ocasião.
No trabalho, muitas vezes me indignei com os bilhetinhos da Central de Regulação que vinham grampeados às muitas solicitações de exames dos pacientes com aquela mesma frase: “Não tem prestador”. Ecocardiografia com Doppler colorido? “Não tem prestador”. Ultrassonografia de Abdômen total com Doppler colorido? “Não tem prestador”.
Foi a época mais estressante da minha vida até aquele momento. O que eu poderia fazer? Ouvi de superiores: “Manda quem pode e obedece quem tem juízo!”. Recentemente, ouvi a mesma frase novamente: “Não tem prestador!”. João Pessoa não tem prestador para AngioTomografia Computadorizada de Carótida, para AngioPlastia de Carótidas com implante de Stent… O que mais!!?
A saúde em João Pessoa e no Estado da Paraíba são pela metade e juntas não valem por uma! Indignada, eu? Tenham certeza que sim. Queriam o quê, com tanta injustiça? Quando mamãe faleceu só pude respirar e rever o mundo sete dias depois. É dor que não pára de doer, é a dor duplicada pela labuta, que quadruplica pela consumação do fato.
(assina) Íris Ponce de Leon.


Autopeças para a Fiat

O governador Eduardo Campos lançou na manhã de ontem a pedra fundamental da fábrica de peças automotivas da WHB em Glória do Goitá, na Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife.
“A empresa optou pelo município pernambucano depois de pesquisar vários estados e cidades. O investimento é de R$ 300 milhões, com previsão de gerar 1,8 mil empregos até 2018. O início das operações está previsto para julho deste ano”, informa o Diário de Pernambuco. Acrescentando: “A WHB chega a Pernambuco na esteira da Fiat, que está se instalando em Goiana”. E o governador de lá complementa:
– Difícil é trazer a primeira fábrica, mas logo se traz a segunda. Essas fábricas vão atingir não só Glória do Goitá como também Feira Nova, Chã de Alegria e todas as cidades do entorno.
E a Paraíba, ó…