Dois homens foram absolvidos de acusações de estupro na Itália após o tribunal considerar que a vítima era ‘feia’ ou ‘masculina demais’ para ter sido violentada.
Cerca de 200 pessoas foram às ruas de Ancona na segunda (11) para protestar a decisão das juízas que julgaram o caso em 2017, após o motivo para o veredito ter se tornado público na sexta-feira (8), quando a Corte de Apelações ordenou que haja um novo julgamento.
Ambos os réus, dois homens de 22 anos, foram considerados culpados do crime que aconteceu em 2015 durante o julgamento da primeira instância, em 2016.
No entanto, em 2017, eles foram inocentados pela segunda instância por terem salvado o contato da mulher em um de seus telefones como “Viking” por sua aparência ser “muito masculina”, segundo o jornal britânico “The Guardian”.
“Li esta sentença em 2017 e é por isso que a enviamos para a Suprema Corte. Foi nojento, as juízas expressaram vários motivos para decidir remover as acusações, mas uma delas era porque [os acusados] disseram que eles nem mesmo gostavam dela, porque ela era feia. Elas também escreveram que uma foto dela confirmava isso”, afirmou a advogada da vítima Cinzia Molinaro ao jornal.
A advogada ainda afirmou que os réus colocaram drogas na bebida da mulher em um bar em que o grupo aproveitava um happy hour após as aulas do período noturno. Os médicos atestaram que lesões no corpo da vítima eram consistentes com estupro e que havia um alto nível de benzodiazepínicos, isto é, substâncias sedativas, em seu sangue.
Ela ainda declarou à publicação que sua cliente se mudou para o Peru após ser hostilizada pela comunidade local por denunciar os homens. O caso, contudo, será ouvido novamente por um tribunal da região de Perugia.
Luisa Rizzitelli, porta-voz da Rebel Network, grupo feminista de Ancona que organizou os protestos, avaliou a decisão da Justiça local como ‘medieval’.
“A pior coisa é a mensagem cultural que veio de três juízas que inocentaram estes dois homens porque decidiram ser improvável que eles quisessem estuprar alguém que parecesse ‘masculino'”, disse ao jornal.
Fonte: UOL
Créditos: UOL