Divisão no PT atrasa reforma política

fotoA divisão na bancada petista na Câmara, responsável pelo atraso na instalação do grupo de trabalho da reforma política, aumentou. Agora, além da disputa por uma das duas cadeiras que o partido tem direito, entra em cena uma queda de braço sobre quem deve coordenar os trabalhos do colegiado, que tem a missão de elaborar uma nova proposta para sistema político brasileiro. Desta forma, o início das discussões pode ficar para agosto.

Durante mais de três horas, parte da coordenação da bancada petista se reuniu na Câmara. Não foi possível chegar a uma decisão sobre a reforma política. Com duas vagas no grupo de trabalho, os deputados do PT buscavam uma trégua para a guerra velada entre Henrique Fontana (PT-RS), relator das propostas apresentadas no ano passado, e Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo de trabalho da reforma eleitoral.

Fontana foi indicado pela bancada petista para compor o grupo. Já Vaccarezza teve seu nome colocado no colegiado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Dos dois, somente Fontana jã falava abertamente sobre a possibilidade de fazer parte da discussão. E colocou seu nome para comandar o processo.

Ontem, após a reunião, nenhum dos dois deu declarações. Houve um pacto celebrado dentro do encontro que Fontana nem Vaccarezza falariam com a imprensa até houver uma decisão. Antes, ao chegar na sala da liderança do partido, o petista de São Paulo disse não ser candidato e negou ter articulado seu nome. “Fui convidado para compor o grupo. Que eu saiba não há crise. O PT não tem restrição ao meu nome”, despistou.

No entanto, o Congresso em Foco apurou que houve desconforto na bancada do PT com a indicação de Vaccarezza por Henrique Alves. Ficou entendido como uma intromissão na prerrogativa dos deputados. O peemedebista pode escolher quem comanda, mas não seus integrantes. O líder da legenda, José Guimarães (CE), nega o racha. “No PT é sempre assim, tudo é muito discutido”, afirmou.

Novos integrantes

Além de quem vai comandar o grupo de trabalho, outros deputados do partido também querem entrar. O PT é o único com duas vagas. Os outros possuem apenas uma. Segundo o líder do partido, este é um dos problemas que resultaram na discussão de quase três horas não ter resultado prático. Pela manhã, Guimarães vai conversar com Henrique Alves e relatar o que aconteceu no encontro da coordenação.

Depois, à tarde, reúne a bancada inteira para tirar uma solução. De acordo com o petista, “será muito difícil” o grupo de trabalho ser instalado ainda hoje. Os outros 12 membros já foram indicados e esperam a definição do PT. “Eu espero que  seja positivo porque o PT terá dois representantes no grupo que cada partido terá um inclusive o pmdb  que é o meu partido”, disse o presidente da Câmara.

Ontem, Henrique Alves disse que “gostaria de instalar” o grupo hoje. Durante o dia, ele conversou com o presidente do PT, Rui Falcão. Ressaltou que o partido é o único a ter duas vagas. E que as funções de Fontana e Vaccarezza se complementam. Segundo o peemedebista, o deputado gaúcho traz “qualidade e competência”, enquanto o parlamentar de São Paulo possui bom relacionamento e “experiência para coordenar”.

A disputa dentro do PT já contaminou outras bancadas. O PMDB, por exemplo, é contra colocar Henrique Fontana na coordenação. O líder do partido, Eduardo Cunha (RJ), afirmou que o petista gaúcho “já teve sua chance” e não conseguiu aprovar uma reforma. No ano passado, quatro propostas foram apresentadas: financiamento público exclusivo de campanha, sistema belga (vota-se no partido e no candidato), coincidência de eleições e fim das coligações proporcionais. Elas nem chegaram a plenário.

Congresso em Foco