Dissidências ganham eleições na Paraíba

As disputas políticas na Paraíba sempre foram marcadas por dissidências, que na maioria das vezes viram o jogo e vencem as eleições. “Quem ganha a eleição é a dissidência”, sentencia o historiador José Octávio de Arruda Mello, lembrando que não é dele essa tese, mas do escritor e político Marcos Odilon.

Dentre os casos de dissidência na política paraibana, ele destaca a disputa eleitoral de 1945, quando José Américo rompeu com Rui Carneiro e ligou-se a Argemiro Figueiredo. Depois, em 1950, foi a vez de Rui Carneiro se aliar a José Américo para derrotar Argemiro Figueiredo.

Outro caso de reviravolta na política do Estado foi registrado na eleição de 1960. O candidato a governador, Janduhy Carneiro, foi derrotado por Pedro Gondim, que se desligara do PSD para disputar o governo como candidato da UDN. “60 é 50 ao contrário. Pedro Gondim, que era dissidência do PSD, se liga à UDN de João Agripino e derrota o PSD de Janduhy Carneiro”, lembra José Octávio.

Ele disse que a partir desses fatos criou-se a tese de que quem ganha a eleição é a dissidência. Sua explicação é que isso tem a ver com o dinamismo da política. “A política deve ser encarada como um processo, não como fato. Política não é um acontecimento, política é uma série de acontecimentos que vão se encadeando e quem delineia esse processo é exatamente a dissidência, que dá sal, que dá sabor, que faz o processo se mexer”, afirma.

Segundo José Octávio, o que move a dissidência é a conquista do poder. Ele lembra que José Américo foi candidato em 50, Pedro Gondim em 60, Tarcísio Burity em 86, Cássio Cunha Lima em 2002 e Ricardo Coutinho em 2010, todos beneficiados com a dissidência. “A dissidência não é o setor mais forte, mas é o setor que direciona o resultado da eleição”, observa o historiador.

Ele conta que Burity deixou a Arena, rompendo com Wilson Braga, para se filiar ao PMDB e ganhar as eleições. Já em 2002, Cássio, que disputou o governo contra Roberto Paulino, do PMDB, atraiu para seu lado Wilson Braga e Efraim Morais, do PFL. “Ele entregou as duas senatórias e esse pessoal veio para o lado de cá, determinando a vitória de Cássio”, diz José Octávio.