Diretora esclarece erro na pesquisa do Ibope

A diretora do Ibope, Márcia Cavallari, em entrevista ontem por telefone, explicou o problema que houve com a pesquisa realizada em João Pessoa em que não apareceu o nome da candidata Estelizabel Bezerra nos questionários apresentados aos eleitores. Ela disse que o erro foi da gráfica, que imprimiu as cédulas sem o nome de um dos candidatos. “Nós estamos assumindo esse erro na falha da matriz da gráfica”, disse.

Ela esclareceu que o material, que não constava o nome de Estelizabel, não seria usado para divulgação. Trata-se de um procedimento complementar adotado pelo Ibope nas pesquisas de campo com vistas a verificar alguma tendência dos eleitores indecisos. “Esse procedimento é utilizado apenas como análise interna para conseguirmos estudar se há ou não algum tipo de voto escondido, ou seja, o eleitor quer votar em determinado candidato e por alguma razão não declara isso ao entrevistador”, explicou.

Por esse mecanismo, o Ibope apresenta uma cédula e pede para o entrevistado marcar em quem ele vai votar, de maneira anônima. Depois de marcar, ele mesmo dobra o voto e em seguida deposita numa urna. “Esse procedimento não pode ser divulgado, porque inclusive nele não há eleitores indecisos. De toda forma, quando foi percebido o erro gráfico, onde estava faltando um candidato, nós suspendemos esse procedimento e suspendemos a realização da pesquisa inteira”, disse a diretora do Ibope.

Segundo ela, a empresa terceirizada pelo Ibope para fazer a pesquisa em João Pessoa não tem nenhuma responsabilidade pelo erro que aconteceu. A empresa, que é de Recife, tem parceria com o Instituto há muitos anos. “O fato de estarmos usando uma empresa parceira não significa que o Ibope não tenha o domínio e o controle absoluto do processo de execução da pesquisa”, frisou. Márcia Cavallari explicou que todo o material usado na pesquisa é de responsabilidade do Ibope. “O questionário é nosso, a amostra é nossa, a metodologia é nossa e o erro da gráfica foi daqui de São Paulo. Nada tem a ver com a empresa parceira de Recife”, completou.

Ela revelou, ainda, que o Ibope realiza um treinamento com as empresas terceirizadas. “O treinamento é feito por um supervisor do Ibope, que saiu de São Paulo e ficou viajando várias vezes para dar o treinamento. Pelo menos 20% do trabalho que as empresas parceiras executam é fiscalizado por uma equipe interna do Ibope”. Segundo Márcia, a cada entrevista o entrevistador é orientado a pegar algum número de telefone do eleitor e depois o Ibope entra em contato para checar se a entrevista foi mesmo realizada.

A diretora disse ainda que todo o material que sai da gráfica passa por um rigoroso processo de fiscalização antes de ir às ruas. “A gente tem um processo de checagem. Quem faz o questionário, quem prepara todo o material é uma pessoa. Uma segunda pessoa confere tudo e uma terceira pessoa confere o que esses dois fizeram. Parte dos questionários é feita por uma equipe e parte dos questionários é feita por outra equipe. Eles trocam entre si a checagem do que um fez e do que o outro fez e uma terceira equipe checa o trabalho dos dois. Infelizmente teve esse erro que passou desapercebido e só foi percebido na hora em que começaram a ser aplicadas as entrevistas aí em João pessoa”, lamentou.

Márcia Cavallari disse compreender as críticas do governador Ricardo Coutinho contra o Ibope em razão da candidata dele não ter aparecido na cédula usada na pesquisa. “Esse erro está sendo usado politicamente pelo governador, porque de fato a candidata que estava faltando na cédula era a candidata do governador. Mas esse é um erro e nós estamos assumindo esse erro na falha da matriz da gráfica. Não há porque dizer que foi um erro proposital, não há porque dizer que é uma máfia das pesquisas eleitorais, não há porque dizer absolutamente nada do que está sendo dito”, destacou.