Dilma Rousseff: "Defender é diferente de proteger"

(Foto: Carolyn Kaster/AP)

A presidente Dilma Rousseff voltou hoje (14) a criticar a política monetária dos países da zona do euro no enfrentamento da crise econômica. Em discurso na abertura da 6ª Cúpula das Américas, na cidade colombiana de Cartagena, ela disse que o “tsunami monetário” provocado por essa política coloca em risco as indústrias da América Latina.

Embora reconhecendo o papel das ações expansionistas monetárias da região do euro para evitar os efeitos que uma grave crise de liquidez poderia ter no mundo, ela ressaltou que a política monetária, sozinha, contém “um fator de protecionismo que se caracteriza pelo fato de as moedas locais, quando não têm para onde ir, vão para aqueles mercados que são vistos como mais estáveis e que podem fazer uma arbitragem”. Dilma falou para uma plateia de chefes de Estado de 33 países, incluindo o dos Estados Unidos, Barack Obama.

A presidente disse que as economias latinas estão mais fortes hoje do que em outros momentos, mas não são imunes aos efeitos da crise econômica mundial no emprego e no crescimento. Para Dilma, os países latinos devem se “defender” da expansão monetária que torna as moedas locais mais fortes, prejudicando a indústria.

“É claro que nós temos que tomar medidas para nos defender. Defender é diferente de proteger. Significa que não podemos deixar que nosso setor manufatureiro seja canibalizado”, afirmou Dilma. A solução é que os países superavitários assumam uma posição “virtuosa” de expansão do investimento para permitir a redução do desemprego e que a política monetária seja usada para sair da crise.

Dilma Rousseff falou ainda sobre a necessidade de articulação dos países latino-americanos para a integração logística, energética e da cadeia produtiva. Na opinião da presidente, é preciso também que os países se unam para aumentar as fontes de investimento, evitando inflação e bolhas especulativas.

A 6ª Cúpula das Américas termina no domingo (15). Até lá os chefes de Estado deverão tratar de temas como desastres naturais, redução da pobreza, acesso e uso de tecnologias, segurança e integração.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, foi o primeiro a falar na cerimônia de abertura e também mencionou a crise afirmando que as economias latino-americanas e caribenhas são uma “fortaleza antes desconhecida” diante do momento crítico global.

A secretária executiva da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Barcena, também fez um discurso exaltando os avanços no continente. “A América do sul já não é a mesma, e a América Latina e o Caribe também não”, disse Alicia ao destacar o crescimento econômico e o peso internacional da região. Alicia também abordou a “responsabilidade compartilhada” entre Estados Unidos, Canadá, América Latina e o Caribe para levar a prosperidade para um maior número de pessoas e, ao mesmo tempo, acabar com a desigualdade que caracteriza a região. “A desigualdade conspira contra o desenvolvimento”, disse Alicia, que afirmou que para “crescer e conseguir a igualdade é preciso um emprego de qualidade”.

Em sua sexta edição, a Cúpula das Américas, que tem a frase “Conectando as Américas: Sócios na Prosperidade” como lema, não contará com a participação dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; Nicarágua, Daniel Ortega, e Equador, Rafael Correa.

Da Época Online