Dilma quer 'saber tudo' sobre a espionagem

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou hoje, em São Petersburgo, na Rússia, durante entrevista coletiva, que as tensões despertadas com o Brasil e o México, em decorrência das denúncias de espionagem, não devem se sobrepôr aos interesses comuns com esses dois países.

– Eu assegurei a eles (os presidentes Dilma Rousseff e Henrique Peña Nieto) que eu levo as alegações (sobre a espionagem) muito a sério. Entendo as preocupações deles e vamos trabalhar com as equipes deles para resolver isso e descobrir aonde está a fonte da tensão. A última coisa que eu queria dizer sobre isso é que, só porque há tensões, não significa que ela vá ser maior do que a impressionante gama de interesses comuns que temos com esses países – declarou Obama, que falou sobre o assunto ao ser perguntando sobre o monitoramento dos dois países pelos Estados Unidos.

Segundo Obama, as agências de vigilância americanas atuam de forma simiiar às de outros países, embora tenham mais recursos. Mas Obama destacou ser preciso avaliar se, por terem a capacidade de espionar, deveriam fazê-lo:

– O que fazemos é parecido com o que se faz ao redor do mundo. Somos maiores, temos capacidades maiores. Como a tecnologia muda rapidamente, essa capacidade também aumenta – afirmou, ressaltando: – Só porque podemos obter as informações de forma mais fácil, não significa que deveríamos fazer isso. Deveríamos ser mais preocupados sobre como usamos as capacidades técnicas.

No último domingo, o “Fantástico”, da TV Globo, teve acesso a uma apresentação feita dentro da própria Agência de Segurança Nacional americana, em junho de 2012, em caráter confidencial, que revela que os Estados Unidos monitorou o conteúdo de telefonemas, e-mails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff e de um número ainda indefinido de “assessores-chave” do governo brasileiro. O documento que baseia a denúncia é mais um dos que foram repassados ao jornalista britânico Glenn Greenwald por Edward Snowden, técnico que trabalhou na agência e hoje está asilado na Rússia.

Durante a entrevista, o presidente americano fez elogios ao Brasil:

– O Brasil é incrivelmente importante. Tem uma impressionante história de sucesso na transição do autoristarismo para a democracia. Tem uma das economias mais dinâmicas do mundo e, é claro, para as duas maiores nações do hemisférios, é importante termos um bom relacionamento.

Antes de embarcar de volta para o Brasil, a presidente Dilma Rousseff chamou de inadmissível a espionagem sobre qualquer governo democrático e disse que, durante a reunião de ontem com Obama, ela transmitiu a “sua indignação pessoal e do conjunto do pais” sobre o caso. Em entrevista pouco antes de embarcar no avião oficial para o Brasil, Dilma afirmou ainda que a espionagem sobre dados dela e do resto dos brasileiros afeta interesses econômicos, a soberania do pais e os direitos humanos e civis.

— O que é estarrecedor para um país que tem na sua fundação a liberdade o respeito aos direitos humanos — destacou.