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DILMA: Lula é líder importante que vai derrotar retrocesso de governo golpista

Ao lado de Lula, Dilma discursou em ato de apoio ao ex-presidente em Curitiba

A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta quarta-feira (10), em Curitiba, em ato favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o petista vai derrotar o “retrocesso” político do país em 2018.

“Lula é líder importante que vai derrotar retrocesso de governo golpista”, disse a ex-presidente, em fala antes de Lula começar a discursar. Dilma afirmou ainda que a manifestação é “a favor da democracia”.

Segundo a Polícia Militar do Paraná, 5.000 manifestantes participaram do ato na Praça Santos Andrade. Antes da fala do ex-presidente, outros políticos de Lula discursaram.

No palanque, o senador Lindberg Farias (PT-RJ) voltou a acusar o juiz Sergio Moro de parcialidade na condução do processo.

Quase 5 horas de depoimento
O primeiro depoimento de Lula à 13º Vara Federal durou quase cinco horas nesta quarta. A audiência é relacionada a um dos processos no qual o petista é réu na Operação Lava Jato. O depoimento do ex-presidente aconteceu dentro do processo em que Lula é acusado de ter recebido, em 2009, propina da empreiteira OAS por meio da reserva e reforma de um tríplex no edifício Solaris, no Guarujá (66 km de São Paulo).

Lula também responde pelo armazenamento de bens depois que ele deixou a Presidência, entre 2011 e 2016. O valor total da vantagem indevida seria de R$ 3,7 milhões, como contrapartida por três contratos entre a empreiteira OAS e a Petrobras, segundo o MPF (Ministério Público Federal), durante o mandato do petista, de 2003 a 2011.

Iniciada às 14h18 desta quarta, a audiência foi conduzida pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.

O depoimento é o segundo mais longo na história da Operação Lava Jato. As mais de quatro horas do depoimento superaram as quatro horas e meia de um dos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, mas ficaram atrás das cinco horas do ex-executivo da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Primeiro, Moro abriu os trabalhos e fez os questionamentos ao réu no processo sobre o tríplex que Lula teria recebido da empreiteira OAS como propina em troca de contratos na Petrobras e sobre a ajuda da empresa na manutenção de parte do acervo presidencial de Lula.

Depois, foi a vez de o MPF (Ministério Público Federal) manifestar-se e fazer perguntas. Após a acusação, foi a vez dos advogados dos réus – além de Lula, há mais cinco denunciados no caso. Por fim, falou o ex-presidente Lula.

O interrogatório do ex-presidente pelo juiz federal Sérgio Moro durou 3 horas e 20 minutos, segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”. Moro foi o primeiro a fazer perguntas a Lula, a partir de 14h20, aproximadamente. Durante esse período, houve um intervalo de cerca de dez minutos em que as partes puderam se servir de água e café.

Após o juiz da Lava Jato, foi a vez de o Ministério Público Federal dar início a seus questionamentos, já por volta das 17h40. Depois da Procuradoria da República, os advogados das partes poderão fazer questionamentos, também segundo o jornal.

Os crimes
Segundo a denúncia dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, o ex-presidente da República teria cometido os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Foi nessa ocasião, inclusive, que os membros do MPF usaram a polêmica apresentação em Power-Point para apresentar as acusações contra o petista.

Em 20 de setembro do ano passado, Moro acolheu a denúncia do MPF, e Lula tornou-se réu no processo.

 

Segundo depoimento
O encontro dessa quarta entre Lula e Moro foi o primeiro feito de maneira presencial. Os dois já estiveram em uma audiência em 30 de novembro de 2016, por meio de uma videoconferência, estando o juiz em Curitiba e o ex-presidente, no prédio da Justiça Federal em São Bernardo do Campo (SP).

Na ocasião, o ex-presidente depôs como testemunha de defesa do deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que era acusado de receber propina no contrato de exploração de petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.

Cunha foi condenado por Moro a mais de 15 anos de prisão na ação em março deste ano.

Ao contrário do depoimento de hoje, a audiência entre os dois na ocasião foi mais curta, tendo durado menos de dez minutos, em clima de cordialidade.

Outros quatro processos
Além do processo no qual prestou depoimento hoje, Lula é réu em outros quatro, sendo dois também no âmbito da Lava Jato. Em um destes dois, o ex-presidente é acusado por tentar obstruir a Justiça por uma suposta tentativa de comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras e um dos delatores do esquema de corrupção na estatal.

Lula também responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo que apura desvios para compra de um terreno em São Paulo para o Instituto Lula e de um apartamento em frente ao em que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo (SP).

A denúncia do MPF que motivou esse processo também envolve R$ 75,4 milhões que foram repassados a partidos e políticos que davam sustentação ao governo de Lula, como PT, PP e PMDB, além de funcionários da Petrobras.

O petista ainda é réu em um desdobramento da Lava Jato, a Operação Janus, comandada pela Justiça Federal no DF (Distrito Federal). Ele é acusado pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa.

De acordo com a procuradoria, Lula teria usado sua influência junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a outros órgãos com sede na capital federal para favorecer a Odebrecht em contratos e obras de engenharia em Angola. Em troca, a Odebrecht teria feito “repasses dissimulados” de cerca de R$ 30 milhões.

Também na Justiça do DF, Lula responde a um processo no qual é acusado pelos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa, dentro da Operação Zelotes. O petista teria atuado para interferir na compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro e na prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627. Os casos teriam ocorrido entre 2013 e 2015, quando Lula já não era presidente.

Fonte: Estadão