Em entrevista no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, disse que a Petrobras está sendo alvo de “factoides políticos” e que não se deve misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Dilma não se referiu a qualquer denúncia específica. A declaração foi uma resposta à pergunta se a Petrobras está sob um fogo cruzado político. As irregularidades na Petrobras estão sendo alvo de duas CPIs: uma no Senado e outra Mista.
– Se tem uma coisa que tem que se preservar, porque tem que ter sentido de Estado, sentido de nação e sentido de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Não é correto, não mostra qualquer maturidade. Acho fundamental que na eleição, nesse processo que estamos, haja a maior discussão. Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso – disse Dilma.
A presidente disse que poderá haver, no futuro, aumento da gasolina, mas acrescentou que não estava afirmando isso e nem querendo gerar especulações no mercado. Ela acredita que os aumentos da produção de petróleo irão reverter os resultados negativos da empresa, cujo lucro caiu 25% no primeiro semestre.
– Em algum momento, no futuro, pode ser que tenha (aumento dos combustíveis). Mas não especulo e nem aumento as especulações de mercado. Não estou dizendo que vai ter ou não aumento. Não é minha competência estabelecer isso. Quem disser isso estará cometendo uma inverdade ou uma tentação – disse Dilma.
PRESIDENTE DIZ QUE AÉCIO TEM ‘CEGUEIRA TECNOCRÁTICA’
A presidente também reagiu às declarações do candidato adversário Aécio Neves (PSDB) em favor da redução dos atuais 39 ministérios. Dilma disse que todos são importantes, mas que têm “pesos políticos diferentes”. Para ela, o tucano tem uma “cegueira tecnocrática” ao defender a redução de ministérios.Irônica, a presidente disse que os tucanos querem acabar com ministérios com estrutura menor, mas importantes politicamente, como as secretarias das Micro e Pequenas Empresas; dos Direitos Humanos; e de Política para as Mulheres. Essas secretarias têm status de Ministérios.
– Quero saber qual (ministério) e quem vai fechar! Essas secretarias poderiam ter outro status, poderia ser apenas uma secretaria? Poderia. Não perceber (a importância) do status é uma cegueira tecnocrática – disse ela.
A petista acusou ainda o PSDB de, na gestão de Fernando Henrique Cardoso, ter tentado reduzir ao mínimo o ministério de Minas e Energia, o que, segundo ela, levou ao racionamento de água em 2002. Aécio quer fundir os ministérios de Minas e Energia com Transporte e Comunicações.
– Fizeram barbaridades na área de energia. E, agora, dia sim e dia não, diziam que haveria racionamento. E não houve meio racionamento – disse ela, acrescentando que todos os programas precisam levar em conta, em primeiro lugar, a família.
Na entrevista, Dilma disse que estava tendo uma “agenda de cidadã” e não de candidata e contou que utilizou o FaceTime para conversar com o ex-marido Carlos Araújo e com Rafael, marido de sua filha Paula e pai do neto Gabriel.
NAS REDES, DILMA LEMBRA O DIA DOS PAIS
Mais cedo, no Twitter, Dilma parabenizou os pais de todo o Brasil e lembrou também daqueles filhos que já perderam seus pais.
“Hoje envio um abraço cheio de alegria a todos os pais brasileiros e espero que tenham um dia de gratidão e afeto ao lado de suas filhas e filhos, netos e netas”, escreveu. “E as pessoas que como eu já perderam seus pais, carregamos sempre na memória e no coração essa figura tão querida”.
No Facebook, Dilma relembrou a história de seu pai Pétar Russév, imigrante búlgaro que chegou ao Brasil em 1929.
“Um país onde é possível que a filha de um imigrante de primeira geração se eleja presidente da República, é um país que tem, dentro da sua generosidade, um compromisso com a democracia; muito compromisso, também, de olhar o mundo, os homens e as mulheres como iguais”, definiu.
O Globo