Dia D na Unimed - Rubens Nóbrega

No salão principal da Brunelle Bairro dos Estados, uma das casas de festa mais requisitadas e luxuosas da Capital, a Unimed-JP deve realizar neste sábado, a partir das 8h30, uma assembléia geral realmente extraordinária, legal e literalmente falando.

Deverá ser uma das reuniões mais concorridas e tensas da história dessa empresa que chamam de ‘cooperativa’. Não haverá comes e bebes, certamente, mas arrisco que muitos dos presentes gostariam de comer feito tira-gosto o fígado do presidente Aucélio Gusmão.

O homem está há mais de 12 anos no poder. Um poder a que chegou e nele permanece graças a sucessivas eleições, é bom explicar. Mas, como sempre acontece aos mandatos longevos, acaba enfrentando uma oposição que cresce, aparece e incomoda.

Mais do que incomodar, a oposição de agora sente que pela primeira vez estariam criadas as condições objetivas para encerrar uma gestão que parece vitalícia. O começo do fim seria uma derrota do Doutor Aucélio na assembléia de hoje.

O presidente será derrotado se a oposição conseguir fazer a AGE aprovar dois pontos axiais de sua pauta: a contratação de uma auditoria externa independente e de uma assessoria jurídica independente para o Conselho Fiscal.

Segundo manifesto aos colegas cooperados distribuído ontem pela Doutora Liena Carvalho Viana, membro do Conselho Fiscal, não existe auditoria independente na Unimed-JP porque as auditorias são contratadas ao talante da Diretoria Executiva.

Quando ao jurídico independente, Liena e seus apoiadores entendem que a atual Assessoria Jurídica não atende nem serve a toda a Unimed-JP, mas tão somente ao que quer, manda e interessa à Diretoria Executiva ou ao seu presidente.

Contratações ‘sub judice’
Aucélio incluiu as tais contratações entre os assuntos da pauta da AGE, conforme edital por ele publicado no Correio da Paraíba, mas ressalvando que são itens ‘sub judice’, vez que a questão está pendente de uma decisão da Justiça em caráter definitivo.

Justiça a que recorreu o presidente da Unimed-JP após ver o Conselho de Administração, a pedido do Fiscal, aprovar por unanimidade aquelas contratações. Isso aconteceu em tumultuada reunião que Aucélio tentou dar por encerrada e abandonou.

A votação no Conad, realizada mês passada, foi comemorada por oposicionistas como o ‘11 de Setembro de Aucélio’. Afinal, o resultado teria revelado pela primeira vez uma evidente inferioridade aucelista nos dois principais órgãos colegiados da Unimed-JP.
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Antes de prosseguir, devo dizer que trago o assunto a este espaço por considerá-lo de interesse público, porque diz respeito à saúde de pelo menos 120 mil pessoas e saúde (sempre é bom lembrar) é direito do cidadão e dever do Estado.

Esses 120 mil são aqueles que podem pagar um plano de saúde particular que organizações como a Unimed oferecem por concessão do Estado justamente para suprir, em tese, a qualidade e disponibilidade que o cidadão não encontra na rede pública de saúde.

De modo que assembléia de Unimed deveria ser coisa aberta, inclusive, à participação dos usuários-clientes. Com direito a voz, claro. E aproveito para sugerir ao Doutor Aucélio ou a quem conseguir apeá-lo do trono a criação de um Conselho Consultivo de Usuários.

O que diz o outro lado
Sobre os pressupostos e possíveis conseqüências da assembléia de hoje da Unimed-JP, solicitei informações e esclarecimentos à empresa e eles me foram prontamente fornecidos pela diligente Assessoria de Comunicação da cooperativa. Confiram.
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Prezado Rubens, em resposta ao seu pedido de informações que envolvem a realização da Assembléia Geral Extraordinária, encaminho-lhe os seguintes esclarecimentos:
1. Não é novidade nem medida extemporânea a contratação de Auditoria Externa para a Unimed João Pessoa. A Unimed João Pessoa já conta com a presença de Auditoria independente há 12 anos. E a cada ano todo resultado financeiro contábil, antes de ser apresentado à Assembléia Geral Ordinária, recebe auditagem e parecer dessa Auditoria Independente. No ano de 2010, esta auditoria ficou a cargo da Grunitzky Auditores Independentes.

2. No ano de 2010, por encaminhamento do Conselho de Administração, a Diretoria Executiva da empresa autorizou a contratação de uma auditoria externa e independente voltada para um trabalho permanente de acompanhamento no fluxo e processos de compras, contratos e contas a pagar. Este trabalho ficou a cargo de uma empresa pernambucana cujo resultado sofreu níveis diversos de questionamentos por conta de várias inconsistências identificadas.

3. É essa a empresa de auditoria que o Conselho Fiscal insiste em apresentar. A Diretoria da Unimed João Pessoa não concorda que seja esta empresa – pelo que já foi relatado – e indicou quatro das maiores empresas de auditoria independente do mundo (Deloitte, Price Waterhouse Coopers, KPMG ou Ernest Young) que têm representações no Brasil. A pergunta que fica é: Por que o Conselho Fiscal se fixou nessa empresa de Pernambuco? Quem realmente quer o trabalho permanente, sério e independente de uma Auditoria para esse objetivo especifico?

4. A Unimed João Pessoa conta com o trabalho permanente de uma Assessoria Jurídica que tem como objetivo único defender a Cooperativa diante de todas as demandas judiciais existentes. E, por isto, tal iniciativa do interesse do Conselho Fiscal revela-se completamente desnecessária, por já contar a cooperativa com um departamento jurídico capaz de atender a todas as suas demandas internas e externas, encontrando-se, ainda, permanentemente à disposição dos órgãos da entidade, dentre eles o próprio Conselho Fiscal, sem qualquer custo ou ônus adicional, porquanto os seus serviços são prestados em caráter institucional. Sem falar que o Conselho Fiscal lida essencialmente com questões de natureza fiscal/contábil, não se justificando a contratação de uma assessoria jurídica independente e permanente, cuja atuação ficaria ociosa por não haver serviços jurídicos a serem prestados.

5. Quanto à pauta e participantes desta Assembléia Geral Extraordinária, encaminho-lhe em anexo a cópia do Edital de Convocação assinado pelo Presidente da Unimed João Pessoa e publicado conforme as determinações legais.
Esperando ter contribuído para os esclarecimentos solicitados, receba meu fraternal abraço.
Walter Dantas (Assessor de Comunicação da Unimed-JP)