Dez anos da morte de Itó Morais em emboscada

Nonato Guedes

Transcorre amanhã, 26, uma década do assassinato do ex-prefeito de Santa Luzia, Aírton Pereira de Morais (Itó), irmão do atual prefeito da cidade, Ademir Morais, ex-deputado estadual. “Itó” foi assassinado na madrugada do dia 26 de maio de 2002, com vários tiros de revólver disparados por dois pistoleiros, quando retornava de uma festa em companhia apenas do motorista João Ribeiro. Eles foram emboscados na entrada da chácara “Gabriela”, onde residia o ex-prefeito da “Capital do Vale do Sabugy”.

As investigações realizadas pela Polícia Federal culminaram com a prisão de implicados que faziam parte de uma verdadeira ‘gang’. Um dos primeiros a ser preso e recambiado para João Pessoa foi o ex-vice-prefeito Antônio Cesarino, citado como um dos mandantes.

O principal acusado foi Edmilson Nunes Paredes, o “Ninão”, que em 2007 foi condenado a 28 anos de reclusão pelo Tribunal do Júri Popular de João Pessoa, numa sessão que durou cerca de quatorze horas. O empresário Joacil Jairo também recebeu condenação, qualificado igualmente como mandante.

O advogado Abraão Beltrão atuou na acusação, juntamente com um representante do Ministério Público, enquanto Genival Veloso Filho atuou na defesa dos acusados. Houve dois julgamentos em João Pessoa, para onde o caso foi desaforado. No primeiro, os implicados foram absolvidos, o que provocou apelação automática dos integrantes da acusação. Outros indiciados foram Everaldo Domingos de Oliveira, Luciano Tavares, José Antonio de Carvalho e Linaldo Dantas, este apontado como intermediário dos contatos com os pistoleiros.

A tragédia em Santa Luzia revoltou a população da cidade, levando a Justiça a transferi-los para João Pessoa. Houve repercussão nacional. Na época, o atual secretário de Infraestrutura do governo do Estado, Efraim Morais (DEM), era primeiro vice-presidente da Câmara Federal, e acionou prontamente o Ministério da Justiça para entrar no caso, diante da gravidade e monstruosidade.

A Polícia Federal interceptou ligações telefônicas entre mandantes e executores, cujas conversas tratavam em detalhes da operação, inclusive, sobre questões financeiras. Itó Morais prestigiava uma Feira agropecuária que atraiu comerciantes de vários municípios do Estado. Nas investigações da Polícia Federal, descobriu-se que Cesarino, o vice-prefeito, ficara encarregado de apontar aos executores, através de um sinal combinado, o alvo da emboscada. Cesarino cumpriu o ritual, dando um beijo na testa de Itó, ao se despedir dele. Nos primeiros momentos, ao ser entrevistado em Santa Luzia, simulou desespero com a tragédia e externou repúdio aos criminosos.

A operação da Polícia Federal foi fulminante e facilitada pela circunstância de que ela já vinha procedendo a investigações em torno do rumoroso caso. Edmilson Paredes, o “Ninão”, foi assassinado em janeiro de 20011, em frente ao Condomínio Vila Real, na capital paraibana, com três tiros nas costas disparados por um homem que estava numa moto Fan de cor preta. Ademir Morais encontrava-se fora do Estado quando foi avisado da tragédia. Chegou a João Pessoa e dirigiu-se imediatamente para o Instituto Médico Legal, onde reconheceu o corpo do irmão, depois transladado para Santa Luzia, onde o sepultamento teve grande acompanhamento e comoção. Com Itó morto e o vice na cadeia, a Justiça Eleitoral determinou a realização de eleições suplementares, tendo sido eleito Ademir Morais, atualmente no exercício do cargo e candidato à reeleição em outubro. Celebração religiosa marcará o transcurso dos dez anos da chacina de Santa Luzia, como ficou conhecida.