Desculpa de amarelo

Rubens Nóbrega

Não faz o menor sentido, a não ser para tirar da reta a sua própria responsabilidade ou incompetência, o governo de Sua Majestade transferir para o senador Vital do Rêgo Filho a autoria ou a primazia da divulgação de que os empregos da Fiat de Pernambuco estariam reservados aos pernambucanos.

Quem primeiro disse que os empregos da Fiat de Goiana de Pernambuco destinavam-se aos pernambucanos foi o próprio Governo de Pernambuco quando acertou com a direção da empresa que o cadastramento de interessados em trabalhar na construção da fábrica seria realizado apenas em municípios pernambucanos.

Quem segundo disse que os empregos da Fiat da Zona da Mata Norte de Pernambuco destinavam-se aos pernambucanos foi o Governo de Pernambuco quando anunciou que o cadastramento para trabalhar na construção da fábrica seria realizado em Goiana, Itaquitinga, Abreu e Lima, Aliança, Araçoiaba, Camutanga, Condado, Ferreiros, Igarassu, Itamaracá, Itambé, Itapissuma e Timbaúba.

Quem por terceiro disse que os empregos da Fiat no Estado que fica ao Sul da Paraíba destinavam-se aos pernambucanos foi o Governo de Pernambuco, quando não incluiu nenhum posto de cadastramento de mão-de-obra em qualquer município paraibano, nem mesmo em Alhandra, Caaporã, Pedras de Fogo ou Pitimbu, que são vizinhos de Goiana tanto quanto (ou mais do que) Itamaracá e Igarassu.

Quem por quarto disse que os empregos da Fiat a ser construída em solo pernambucano destinavam-se aos pernambucanos foi o Governo de Pernambuco, quando publicou no seu portal, em 5 de dezembro de 2011, às 17h33, a matéria intitulada ‘Fiat já contrata trabalhadores para Goiana – Procura por vagas é intensa’ e abriu o seu texto com a seguinte informação:

– O Polo Automobilístico de Pernambuco ainda não produz carros, mas já começa a dar os seus primeiros frutos. Nesta segunda-feira (05), a Fiat contratou os primeiros funcionários da futura fábrica de Goiana e o Governo do Estado iniciou o cadastramento para contratação dos 6.782 pernambucanos que vão passar por uma capacitação e trabalhar nas obras de construção da planta industrial cuja terraplanagem inicia na segunda quinzena deste mês.

Esses são os fatos, que agora o Ricardus I corre para tentar desmentir ou atribuir a quem, como Vital Filho, tão somente constatou e, para além da constatação, protestou contra a omissão, a inação, a inércia ou, como disse o senador, a ‘inibição’ do governante paraibano diante do seu colega pernambucano.

O resto… O resto é desculpa de amarelo, que está comendo esse barro graças à sua ingenuidade ou excesso de esperteza. Afinal, na falta do que mostrar em matéria de arranjar grandes investimentos para o nosso Estado, nessa história da Fiat o Ricardus I só pegou carona no feito dos outros e ainda quis fazer o maior carnaval.


MAIS UMA
Peguei ontem no portal do Governo de Pernambuco (e não no gabinete de Vital) que o governador em exercício, João Lyra Neto, recebeu nessa segunda (12) diretores do Grupo Sada Logística S.A., empresa italiana responsável pela distribuição de 70% dos carros produzidos no Brasil.

Detalhe: a Sada vai se instalar ao lado da fábrica da Fiat em Goiana, em uma área prevista de 10 hectares. “Com isso, serão gerados quase dois mil empregos diretos. O investimento do grupo e o cronograma de implantação ainda estão sendo estudados”, informa o portal oficial do governo pernambucano.

Pois é, sabendo disso, se eu fosse o monarca paraibano corria atrás e jogava peso de liderança e prestígio para trazer pelo menos a Sada pra Mata Redonda. Afinal, pra quem diz – como disse o soberano – que influiu na transferência da fábrica da Fiat de Suape para Goiana, puxar uma Sada pro território paraibano deve ser pinto.
VERGONHA

Faz vergonha e causa indignação ver o quanto se tornou comum, na Paraíba, o Governo do Estado ser acionado judicialmente seguidas vezes por sua incapacidade de regularizar o fornecimento de medicamentos excepcionais para portadores de doenças crônicas e transplantados.

Como diria a deputada e filósofa Daniella Ribeiro, “governo não é pra justificar, é pra resolver”. Mas esse é um governo que nem resolve nem justifica, porque acha que não deve satisfações a seu ninguém, principalmente ao povo pobre que procura e não recebe o remédio que é seu por direito.

Lembrando que a compra desses medicamentos é quase toda financiada pelo Governo Federal, esse negócio de botar a culpa pela falta dos remédios nos fornecedores é mais uma desculpa de amarelo.

E de tanto comer barro, esse governo vai acabar precisando tomar remédio pra matar os vermes que carrega dentro dele e não se admirem se não encontrar o que precisa quando bater na porta do Cedmex.

E aí é bem capaz do absoluto e seu arauto culparem Vital pela notícia da falta dos medicamentos.