Desafios para Veneziano

Paulo Santos

O ainda prefeito de Campina Grande e pretenso candidato peemedebista ao Governo do Estado Veneziano Vital terá seu primeiro teste de macroscópico de habilidade política se interferir diretamente para solucionar a crise instalada no seu partido em função do desejo do ex-governador José Maranhão de perpetuar-se no domínio da grife e a insubordinação do grupo que prega renovação sem firmeza de propósitos.

O papel de Veneziano nos futuros episódios internos do PMDB é preponderante porque aparentemente os dois grupos o apoiam na pretensão de ser candidato natural à principal cadeira do Palácio da Redenção. O “aparentemente” acima se deve ao fato de que, a essas alturas do campeonato, todas as iniciativas são subjetivas.

Maranhão, por exemplo, nunca afirmou com firmeza absoluta que Vene é seu candidato a governador. Esse titubeio ficou mais evidente, ainda, quando o recém-derrotado candidato a Prefeito de João Pessoa recebeu sua adversária na campanha municipal e representante do governador Ricardo Coutinho, 72 horas após o pleito, para uma conversa secreta.

O alvoroço em torno desse episódio só não foi maior do que a tentativa de golpe quando José Maranhão tentou antecipar a unção da futura executiva estadual do PMDB, quando emergiu o grupo de rebeldes que aplicou o contragolpe para neutralizar posteriores atos corrosivos à estrutura partidária.

Esse golpe do diretório não poderia ter eclodido em pior momento, pois o partido acabava de mandar para o segundo turno a candidata do reduto do prefeito e pretenso candidato ao Governo. A insensatez da direção estadual do PMDB se somou à inoportunidade da ação.

Se quiser ser candidato ao Governo, pelo PMDB, Veneziano deve evitar que seu partido vire uma loja de venda de porcelana administrada por algum desastrado. Deve observar que sua agremiação, depois de algumas campanhas vitoriosas, começa a sucumbir nas brigas por cargos majoritários.

A onda de sucesso começou em 1986 com Buriti, permaneceu em 1990 com Ronaldo, manteve-se incólume com Mariz em 1994, sobreviveu á diáspora em 1998 com Maranhão, mas começou o declive em 2002 com Roberto Paulino, em 2006 novamente com Maranhão (que recuperou o cargo na Justiça em 2009) e, finalmente, com nova derrota em 2010 com Maranhão.

O projeto de poder do PMDB na Paraíba precisa ser reciclado, passar por discussões que o reponham em sintonia com a população (sobretudo o eleitorado mais jovem) e seja oxigenado sobretudo com democracia interna. As promessas carcomidas fazem tão mal, para o futuro do partido, como cigarro faz mal a fumante. O que é ruim hoje se transforma em câncer amanhã e leva à morte do partido com dores e sofrimento para muita gente.

Essa mesma afirmação deve caber para o PSDB, que tem a maior liderança da política atual da Paraíba – o senador Cássio Cunha Lima – e também vive momento de indefinição por motivos regionais e nacionais. Ninguém pode esquercer o crescimento do PT em João Pessoa em 2012 com Luciano Cartaxo sobretudo porque soube se apresentar como alternativa ás propostas em desuso ou mirabolantes.

A artilharia pesada que o governador Ricardo Coutinho deve começar a exibir contra Vené dará bem a dimensão do confronto que se imagina em 2014, sobretudo porque são duas “feras feridas” nos brios em João Pessoa e Campina Grande, via malogro das campanhas de Estelizabel Bezerra e de Tatiana Medeiros, respectivamente.

Além das filigranas internas, com a solução de crises insepultas, o pretenso candidato do PMDB ainda terá que se aventurar no convencimento de parte do eleitorado para a briga pelo Palácio da Redenção porque sua imagem ainda não está totalmente consolidada em áreas distantes da Borborema, inclusive nas sacrossantas terras do Litoral.

BALAIO SEM FUNDO
Seria cômico se não fosse patético que alguns políticos fiéis ao site do Diário Oficial tentem parecer o que não são, derretam-se em defender o Governo sem ter qualquer prestígio com no Plácio e seus satélites. E para encher o balaio sem fundo se põem a desancar os adversários.