Deputados do PEN temem riscos nas eleições 2014

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Nonato Guedes

Dois deputados estaduais filiados ao Partido Ecológico Nacional – PEN, presidido na Paraíba pelo presidente da Assembléia Legislativa, Ricardo Marcelo, externaram preocupação quanto aos riscos de garantia de suas candidaturas à reeleição em 2014, influenciados pela decisão do Tribunal Regional Eleitoral, que vetou espaços no Guia Eleitoral e inserções no horário gratuito devido à ausência de deputados federais na legenda. O receio deles é que haja riscos de inelegibilidade no registro de postulações à reeleição. Mais ainda: temem que o partido sofra um processo de defecções, diante da necessidade de sobrevivência na disputa eleitoral, o que originaria uma revoada para siglas que estão se formando em condições seguras para participar da disputa no próximo ano.

A reclamação atinge, diretamente, o presidente Ricardo Marcelo, que não teria se informado corretamente sobre o destino que a legenda poderia tomar com a proximidade das eleições de 2014. O PEN tem uma bancada expressiva na Assembléia Legislativa, mas não conta com qualquer representante no Congresso Nacional, seja na Câmara, seja no Senado. As reclamações se estendem, ainda, à falta de definições sobre a postura da agremiação a nível estadual – contra ou a favor do governo, tendo em vista que há integrantes alinhados com o governador Ricardo Coutinho e outros que contestam a administração estadual. O presidente Ricardo Marcelo será pressionado, de acordo com as fontes, a fixar critérios mais nítidos de posicionamento, já que a bandeira ecológica, em si, não é suficiente para capitalizar adeptos para a agremiação.

Ricardo Marcelo tem acenado, nas últimas horas, com a deflagração de uma ofensiva destinada a interiorizar o partido. Este é outro ponto dramático nas fileiras do PEN. Em 2012, quando o partido foi criado e não tinha tempo hábil para participar das disputas municipais, os deputados e filiados foram liberados para se compor nos municípios de acordo com as peculiaridades locais. Mas o pleito de 2014 é considerado fundamental para diagnosticar a força da agremiação. Ricardo Marcelo, por exemplo, tem sido frequentemente cogitado para disputar o Senado, na única vaga em jogo – a do tucano Cícero Lucena, que pretende concorrer à reeleição. Mas não há nitidez de posições em relação a candidaturas ao governo do Estado, consideradas decisivas para fortalecimento de agremiações. As fontes abordadas  avaliam que houve um erro de cálculo na estruturação do partido e criticam a liberalidade adotada no sentido de que deputados votassem de livre consciência em matérias do Executivo. “O normal seria que houvesse uma unificação de posições, porque, sem isto, a legenda fica à deriva e ao sabor das conveniências de cada um”, exemplifica um parlamentar, que já foi aliado do governador Ricardo Coutinho, depois ficou contra e agora admite retornar à órbita oficial.

Pessoalmente, o presidente do PEN avalia que esses problemas serão superados sem traumas, mas não sinaliza de que forma haverá uma acomodação. Ricardo Marcelo elegeu-se e reelegeu-se presidente da Assembléia sem o apoio ostensivo do governo do Estado. Em paralelo, tem adotado uma postura de independência ou autonomia com relação a matérias de interesse do Executivo. Criou uma agenda própria na Assembléia, de que foi exemplo a Caravana da Seca, destinada a promover um diagnóstico da situação nos municípios do semiárido. Essa postura incomodou o Palácio da Redenção, e Ricardo Marcelo chegou a declarar que estava havendo espionagem por parte da Secom na Caravana da Seca, dentro de uma manobra para desgastar a ação dos parlamentares. Essas complicações têm causado transtorno a deputados filiados à legenda que ele preside e que se dizem adeptos do diálogo institucional. “Seja como for, está na hora da onça beber água, e temos preocupações legítimas quanto ao nosso futuro”, aduziu um parlamentar incomodado com o que chama de indefinição sobre a postura programática da agremiação.