DEPOIS DA SEMANA SANTA, VOLTEMOS AOS PECADORES

Gilvan Freire

CÁSSIO X CÍCERO – A discussão de agora é parte da discussão de outrora: como conciliar os interesses dos dois senadores do PSDB e aliados desde 1990, quando ambos pertenciam ao PMDB e obedeciam à orientação política de Ronaldo Cunha Lima. Por mais que tenham conseguido ficar juntos esses anos todos – praticamente um recorde na vida pública do Estado – isso ainda não significa que estiveram sempre unidos. Várias vezes, estiveram em pé de guerra mas, enquanto Ronaldo era vivo, os comovia com pedido de pacificação. Quem não conhecer em profundidade essa história não saberá de que lado fica a razão, até porque, na verdade, os dois já têm razões iguais para se separarem e pouca para permanecerem do mesmo lado. Favores?

Nenhum deve menos ao outro no contra-corrente desse período de conflitos abafados, algumas vezes trazidos à tona de forma ameaçadora. RC já levou ambos a quase ruptura, o tempo deu razão a Cícero, que há de perder a razão e o posto para quem não tem sua razão nem seu posto, nem sua história com Cássio. É o novo realismo político, feito de carne sangrando como os melhores churrascos gaúchos. Mas ninguém fique só pensando no pior: Cícero e Cássio ainda vão se entender no mínimo para que não aconteça o pior, já que o máximo para Cícero, que é ser recandidato a Senador, parece mesmo impossível. Assim como parece improvável que ele fique sem nada – porque nada não é solução, é só problema. Se a lealdade ainda tiver alguma valia política, isso será, finalmente, a última das razões para não separar Cássio e Cícero, ajudando a manter os recordes de amores e rusgas.

 

VENEZIANO X PT – Zé maranhão, que amplia seu nome nas sondagens pré-eleitorais para o Senado – precisamente a vaga que não pode disputar por causa das impossibilidades partidárias – ainda procura exercer sua influência nas cercanias do PMDB e tenta evitar que o PT liquide com a candidatura de Veneziano, a serviço da de Cássio. Setores influentes do PMDB, a partir de Brasília, atuam junto a cúpula nacional petista para que Luciano Cartaxo indique seu irmão gêmeo como candidato a Senador na chapa de Veneziano, o mesmo lugar que Luciano queria para o irmão na chapa de Cássio. Mas o prefeito deu logo declarações públicas de que nem cogita desse assunto, só para demonstrar pela enésima vez que não está disposto a ajudar nesse tipo de composição pró Dilma. Ou seja, o PT estadual acha que vai eleger Dilma sozinho, além do mais desdenhando do PMDB, enquanto de outros aliados do governo federal na Paraíba nada cobra, especialmente daqueles que se aliam a Cássio, o único líder que pode impor a Dilma uma derrota vexatória no Estado. Tem quem entenda essa zorra política maquinada pelo PT pensando só em Lucélio e Luciano?

 

Mas, Zé Maranhão, ressabiado com o que já purgou em alianças anteriores com o petismo, que já naquelas épocas se dividia entre ele e Cássio – e agora se divide entre Cássio e RC, e nada com o PMDB que vota em Dilma – está rosnando para não aceitar essa desfeita com o partido que é seu maior patrimônio político desde que entrou na atividade política há mais de cinquenta anos. Se o PT insistir nessa manobra escandalosamente desleal e amadorística, cheia de más intenções e jogos diversionistas nos subterrâneos, Zé vai mexer no xadrez e virar o tabuleiro. Será bem melhor do que se omitir, queimar a biografia e deixar o partido morrer a falta de um líder. Ou ser testemunha do casamento do PMDB com a noiva dos outros.