DEM renega Cícero e corteja socialistas

Nonato Guedes

O Democratas, presidido na Paraíba pelo ex-senador Efraim Morais, decidiu dar uma guinada política e ideológica na disputa eleitoral deste ano em colégios importantes, a partir de João Pessoa. O partido renegou qualquer possibilidade de aliança para apoiar a candidatura do senador tucano Cícero Lucena e corteja o Partido Socialista, oferecendo-se para indicar vice de Estelizabel Bezerra. Caso contrário, lançará candidato próprio, que pode ser o deputado federal Efraim Filho ou o Procurador Eitel Santiago. Para a vice de Estela, o DEM disponibiliza os nomes de Eitel, do empresário Júnior Evangelista e do suplente de vereador João Bosco Filho (Bosquinho), presidente do diretório municipal pessoense. A convenção oficial da agremiação ocorrerá no dia 30 próximo.

Em termos políticos, o DEM praticamente rompe os laços com o PSDB, cultivados em disputas recentes na capital e em pelejas majoritárias estaduais. Em 2004, o partido lançou a própria mulher de Efraim, Ângela, como vice do deputado Ruy Carneiro, que foi derrotado por Ricardo Coutinho no confronto pela prefeitura de João Pessoa. Em 2006 o DEM indicou o ex-deputado José Lacerda Neto como vice de Cássio Cunha Lima. Ambos acabaram sendo desalojados do poder em 2009, na esteira da cassação de Cássio pelo TSE alegando conduta vedada à frente da administração estadual. Em 2010, Efraim e Cícero Lucena percorreram municípios do Estado anunciando-se pré-candidatos ao governo, com o compromisso de que o ungido seria o melhor colocado nas pesquisas. Quem pôs um fim na articulação foi Cássio Cunha Lima, que sugeriu o apoio a Ricardo Coutinho como a grande alternativa para derrotar José Maranhão nas urnas, o que acabou prevalecendo. Efraim, derrotado na luta para voltar ao Senado, foi aproveitado por Ricardo na secretaria de Infraestrutura, que teve poderes esvaziados.

O PSDB e o DEM tornaram-se parceiros até em disputas presidenciais. A composição com o PSB este ano representa uma guinada de 360 graus no histórico do ex-PFL. Os dois partidos têm incompatibilidades ideológicas, mas o sucedâneo do PFL é conhecido pelas posições pragmáticas que assume em contextos eleitorais, ‘farejando’ sempre a perspectiva de poder, ainda que venha a reboque de outras legendas. Este ano, além de sinalizar pela aliança com o PSB na capital, o DEM fará dobradinha com o PSB em Patos. Ocupará a cabeça de chapa, tendo como protagonista Dinaldo Filho, enquanto os socialistas devem indicar Bonifácio Rocha para completar a vice. “Dinaldinho” é filho do deputado Dinaldo Wanderley e vai dar combate à pré-candidata do PMDB, a deputada estadual Francisca Motta, que é considerada competitiva pela sua tradição política na cidade e pelos serviços prestados à população. Em Campina Grande, o DEM está em posição de expectativa. A tendência seria indicar vice de Romero Rodrigues, candidato do PSDB. Mas os socialistas também aspiram uma vice na chapa de Romero. O páreo na Rainha da Borborema coloca em evidência a deputada estadual Daniella Ribeiro (PP) e a ex-secretária de Saúde Tatiana Medeiros, do PMDB, esta apoiada pelo prefeito Veneziano e pelo senador Vital Filho. Romero Rodrigues tem o apoio declarado do senador Cássio e do vice-governador Rômulo Gouveia, que é presidente estadual do PSD. O deputado federal tucano também é alternativa forte na disputa campinense. Em termos de candidaturas próprias, o DEM calcula lançar meia centena de nomes em cidades médias e pequenas, a partir de Santa Luzia, no Vale do Sabugy, reduto dos Morais, onde o prefeito Ademir partirá para a reeleição com amplas chances de vitória.