O diretor de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, Miguel Lucena, será exonerado. A decisão foi tomada depois de o delegado fazer uma declaração polêmica no grupo da corporação no WhatsApp, destinado à comunicação com a imprensa. “As crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”, escreveu Lucena, em comentário sobre o estupro de uma criança de 11 anos pelo companheiro da mãe dela.
Após a frase polêmica, jornalistas entraram em debate e criticaram a fala de Lucena. Ele chegou a dizer que o que estava sendo exposto era a opinião pessoal dele, e não a da corporação. Comentou ainda que as críticas vinham da “turma do politicamente correto, essa praga que assola o mundo”.
Antes de sair do grupo, Lucena afirmou que não é machista nem defende ‘bandido’. “Só acho que precisamos avançar nas dicussões sobre as responsabilidades de todos com os rumos da sociedade. O bandido já está diferenciado. É ele quem vai ser preso, só não pode é colocar outro dentro de casa. A discussão é essa”, alegou.
Depois da exoneração, o delegado se defendeu afirmando que o mesmo discurso vale para homens que levam para casa a primeira mulher que conhece no bar. “Tem gente que vive maritalmente com outro durante dois, três anos e não sabe o nome, somente o apelido. Essa conversa reservada, de repente, virou manchete da turma politicamente correta, com protestos e tudo mais. Enquanto isso, o problema vai sendo jogado para debaixo do tapete. Não basta prender o estuprador. Precisamos conscientizar as pessoas dos limites de suas responsabilidades. Quem tem filho precisa pensar duas vezes antes de levar um estranho para dentro de casa”, comentou.
Lucena assumiu a comunicação da Polícia Civil há pouco mais de um ano. Ele substituiu o delegado Paulo Henrique de Almeida. Antes disso, foi diretor de Análise e Projeto da Casa Civil do governo Rodrigo Rollemberg e exonerado após pressão de distritais. A exoneração do posto de chefe da comunicação da corporação será publicada no Diário Oficial do DF de terça-feira (16/5).
Fonte: Correio Braziliense