Declaração de voto

Rubens Nóbrega

Desde a estréia no colunismo diário na imprensa paraibana, em fevereiro de 2003, adotei como prática e princípio declarar publicamente meu voto em véspera ou dia de eleição. Este ano, adianto que já me defini para prefeito (vou de Luciano Cartaxo, do PT), mas estou em dúvida quanto a quem gostaria de ver na Câmara Municipal.
Sem a Doutora Nadja Palitot na disputa, fiquei meio perdido nas referências das candidaturas proporcionais, mas assuntei, pedi palpites, insuflei pitacos, pesquisei e acabei me fixando em três nomes para escolher um deles até domingo. O meu candidato a vereador estará entre Mestre Fuba, o jornalista Neno Rabello e o Dr. Zé Neto.
Voltando agora à escolha na majoritária, apresento como principal justificativa do voto em Luciano o fato de ele ser o candidato de Lula, Dilma e do PT, nessa ordem. Também por ser uma possibilidade de, enfim, termos na Prefeitura da Capital uma gestão verdadeiramente democrática e transparente, além de competente.
Devo dizer, ainda, que a opção por Luciano não significa rejeição ou restrição intransponível em relação aos seus concorrentes. Não voto em Zé Maranhão porque já estou resolvido com Luciano. E não voto Cícero nem Estelizabel porque se não houvesse Luciano teria como alternativa o candidato do PMDB.
Por fim, registro que tanto quanto nas eleições anteriores, nessa, da mesma forma, não tenho o menor receio do resultado, qualquer que venha a ser. Já festejei vitórias e também algumas derrotas no meu trajeto. Pra prefeito, governador ou presidente, nas vezes em que “perdi o voto” a minha opção revelou-se exemplarmente acertada diante da tremenda decepção em que se transformaria depois o eleito.
Não quer dizer que não tenha me decepcionado com algum detentor da minha preferência que se consagrou nas urnas. Ricardo Coutinho, atual governador, é meu caso emblemático. Votei e até fiz campanha pra ele em 2004 e 2007, quando o então aclamado e venerado Mago se elegeu e se reelegeu, respectivamente, prefeito de João Pessoa.
Mas, na primeira gestão (2005-2008), comecei a perceber que alguns de seus atos e modos não batiam com a ideia e a imagem que tinha dele antes de ele assumir a Prefeitura. Mesmo assim, dei-nos mais uma chance. No segundo governo, contudo, não deu pra segurar. Dúvidas e desconfianças acumuladas no primeiro mandato assumiram ares e foros de certeza sobre o terrível equívoco cometido, por ingenuidade ou ludibrio.
Passei a criticar o então prefeito e a combater o candidato a governador que se tornou o grande vitorioso em 2010. Sua vitória não me trouxe amargura nem frustração de perdedor, garanto. Só não incluo essa ‘derrota’ entre aquelas merecedoras de comemoração. Festejar seria tripudiar sobre a imensa legião de eleitores arrependidos, amargurados e até prejudicados materialmente, emocionalmente, pelo homem que elegeram há dois anos. Entre esses, não sou poucos os infelicitados pelo resto de suas vidas.
A perplexidade do Professor

Do estimado Professor Menezes: “Com perplexidade, se isto ainda é possível no campo da política nos dias de hoje, vejo nos jornais que logo após reunião do ministro Agnaldo Ribeiro com representantes das classes empresariais de Campina Grande, sua irmã, candidata à Prefeitura da cidade, solicitou ao TRE um aumento do limite orçamentário de sua campanha. Tal procedimento permite-nos depreender que esse crescimento foi decorrente dessa conversa (…) A ninguém, em sã consciência, é dado imaginar que esses “doadores” de última hora estão agindo por única e exclusiva vontade de servir a Campina Grande (…) Tais procedimentos são vias de mão dupla, representam com muita propriedade a concretização do adágio “é dando que se recebe”. (…) Daí a nossa convicção de que se faz necessário uma tomada de posição da autoridade competente, visando aclarar o assunto, a meu ver por demais nebuloso.

Um conselho de amigo

De quem preservo a identidade (por motivos óbvios) e a amizade, ambas valiosíssimas, adiante um conselho precioso que acolho e admito seguir, doravante.
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Permita-me uma sugestão: não continue a chamá-lo de rei, imperador, monarca, soberano… O fato é que este inquilino do poder não tem qualquer tipo de grandeza nem realeza. É certo que ele trocou milhares de votos conscientes, críticos e valiosos, por outros poucos milhares de votos manipuláveis por uma parte da imprensa oficial dissociada da verdade ou mesmo comprados pelas benesses do poder.
Com o perdão para os bons homens daquele bairro histórico de nossa cidade, ele é apenas um homem que nasceu ou se criou por lá, mas cresceu cheio de frustrações para as quais o poder não foi capaz de sublimar. Embora cercado de bons historiadores, sua história está condenada e será um deleite para nossos futuros historiadores, pois tudo está escrito nos atos e nas legislações criadas.
A luta hercúlea para ajudar o capitalista, seu contribuinte de campanha; o malgrado decreto para anistiar as multas dos lojistas inquilinos de seu amigo capitalista. A destruição da pista do aeroclube quando ainda influía na Prefeitura da Capital para impedir a concorrência para o amigo capitalista… Ah, mas eu estou apenas no julgamento do núcleo do amigo…
(De onde veio esta virá mais, em colunas próximas)