Além de promover ações do governo federal, o rali eleitoral iniciado nas últimas semanas por Jair Bolsonaro (sem partido), que está de olho na reeleição em 2022, também foi programado como uma forma de blindagem do presidente contra o acúmulo de desgastes provocados pela pandemia do novo coronavírus.
Bolsonaro designou interlocutores para verificar, junto a ministérios e lideranças locais, a viabilidade de agendas positivas em estados e municípios, sobretudo no Nordeste —região que é considerada reduto petista. Esse grupo avalia que a estratégia do PLanalto está dando certo.
Desde que se recuperou da covid-19 e, após mais de duas semanas em isolamento, Bolsonaro retomou a rotina no Palácio do Planalto e já viajou para o Piauí, onde inaugurou sistema de abastecimento de água; para a Bahia, a fim de visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara; e para o Rio Grande do Sul, onde entregou unidades habitacionais no município de Bagé.
Também cumpriu agenda em São Vicente (SP), na semana passada, para visitar uma ponte e ser homenageado por vereadores.
Nos próximos dias, o presidente terá um novo compromisso em São Paulo: acompanhar o embarque da comitiva brasileira que se somará aos esforços humanitários para reconstrução de Beirute, atingida por uma explosão de grandes proporções. Em seu radar estão ainda deslocamentos futuros para Pará e Rio de Janeiro.
O cronograma com forte apelo “populista” em meio à pandemia da covid-19 tem sido feito a várias mãos, mas conta com a participação efetiva de quatro ministros: Walter de Souza Braga Netto (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações), Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura).
A estratégia de Bolsonaro seria “sentir na ponta da linha” até que ponto a crise do coronavírus realmente é capaz de afetar sua imagem em relação ao eleitorado não cativo.
O governante tem demonstrado preocupação, segundo relatos de aliados, em deixar de “pregar para convertidos” e diversificar a sua base de apoio.
Além disso, durante a pandemia, Bolsonaro travou embates sucessivos com governadores que, diferentemente dele, eram defensores de medidas restritivas, como o isolamento social. Os confrontos acabaram custando caro ao presidente, pois parte da opinião pública endossou a necessidade da quarentena.
De acordo com o cálculo político do chefe do Executivo, o contato mais próximo com o eleitor pode ajudar a amortizar os impactos negativos da crise do coronavírus. A iniciativa é, em parte, resultante da insatisfação de Bolsonaro com as pesquisas que apontam queda de popularidade e de sua preocupação com o cenário eleitoral para 2022.
Fonte: UOL
Créditos: UOL