Por Vitor Hugo Soares
Ateu que acredita em milagres, antes mesmo da canção famosa, creio mais que nunca, a partir desta semana, depois do Bosão de Higgs, “a partícula de Deus”, ter levado os dois cientistas que a comprovaram, em suas pesquisas, à conquista do Prêmio Nobel de Física 2013.
Igualmente, a semana da miraculosa reviravolta promovida na política brasileira pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em tabelinha com a ex-senadora acreana, Marina Silva. Ajudados grandemente, diga-se a bem da verdade, por toques refinados de inteligência, audácia e astúcia de outros “craques”.
Cito alguns, mais à vista: O senador gaúcho Pedro Simon; a ex-prefeita de São Paulo e atual deputada socialista Luiza Erundina; o ministro da Suprema Corte, Gilmar Mendes, com assento no Tribunal Superior Eleitoral: este na linha de grandes polemistas nacionais, com atuação única, crucial e emblemática na contestação do golpe cartorial afinal consumado (6 a 1), que rejeitou o reconhecimento do partido Rede Sustentabilidade.
Mas marcou aquela noite para não esquecer, registrada em vídeo e áudio pela TV Justiça em transmissão ao vivo e na íntegra para o País. Fato jurídico, político e jornalístico de enorme relevância, para o bem ou para o mal, principalmente em relação às biografias dos membros do STE que participaram da votação decisiva, incluindo sua atual presidente, Carmen Lúcia.
Como se não bastassem estes incríveis sinais, de desígnios insondáveis e acontecimentos inesperados, tivemos ainda, na quinta-feira (10), outro anúncio extraordinário: O Prêmio Nobel de Literatura foi conquistado pela escritora canadense Alice Munro, de 82 anos, “mestre do conto contemporâneo”, na definição precisa da nota da instituição ao anunciar a premiação a esta notável escritora que recriou o apaixonante universo de Ontário, onde Alice sempre viveu em contato direto e criativo com os personagens que povoam seus livros, vários deles já publicados no Brasil e em Portugal.
Diante da confissão do início deste artigo, dos fatos relatados acima, e de tantas coisas que eles representam ou podem significar, acrescento: Estou à vontade para, sem me desguiar dos caminhos factuais recomendados nos manuais de redação para o exercício da minha profissão, seguir dando asas à imaginação e prospectar sobre o desconhecido.
Sei que não estou sozinho. Ao contrário, tenho ótimas companhias, a começar pela de Gabriel Garcia Marquez, o fabuloso escritor do realismo fantástico da América Latina (também premiado com o Nobel de Literatura), que recomenda este exercício em sua obra jornalística do começo de carreira. A exemplo do livro “Entre Amigos”, com reportagens artigos e relatos de seu tempo de redator no El Espectador, de Bogotá.
Assim, imagino o enorme contentamento de Miguel Arraes (na dimensão em que estiver agora o histórico líder de esquerda da política no Nordeste, apesar de sabê-lo um turrão e infenso a manifestações elogiosas ou de grandes efusões pessoais em vida) com o feito do neto, Eduardo Campos.