Cuidado com o povo!

Marcos Tavares

Parafraseando Augusto, o povo que afaga é o mesmo que apedreja. A multidão muda de opinião como o vento muda de direção e povo na rua é sempre uma ameaça a quem acha que o mundo não gira. E como gira! O prefeito eleito de Sousa, André Gadelha, foi apanhado por esse furacão que começou reivindicando vinte centavos em São Paulo e varre o país multiplicando seus pedidos e seus valores.

Sem tetos, PSOL e a turma da anarquia foram até a sede da Prefeitura de Sousa protestar contra os altos valores pagos às bandas que animam o São João numa cidade carente de tudo.

Fica realmente difícil de entender como se torra dinheiro público em forró em plena seca inclemente que mata o gado e maltrata as pessoas. É uma coisa fora de propósito e que num país sério terminaria por detrás das grades. Não que o prefeito André seja uma exceção. Ele é bem a regra só que pegou o povo na rua e povo na rua sem comando é danado pra descobrir defeitos, encontrar sal na garapa, descobrir caroços no angu. O povo de Sousa foi cobrar promessas feitas ao sabor da campanha, mas, sobretudo, foi reclamar de ver seu dinheirinho suado ser gasto em requebros do forró de plástico.

Se Haddad não tivesse subido o preço da passagem em São Paulo, André não teria tido esse aborrecimento, mas o mundo globalizado de hoje não admite fronteiras e o que é bom para os cariocas e paulistas serve igualmente para os sertanejos de Sousa calcinados pelo sol. Não se sabe nem por que protestamos, mas protestamos e motivos com certeza não hão de faltar nessa abençoada terra onde o pudor é pouco e a vergonha menor ainda.

Legalidade

Não há de se procurar culpados entre os deputados da Paraíba no caso da manutenção do veto que diminui a parcela de aumento aos servidores estaduais.

O veto seria mantido na Justiça se não o fosse na Assembleia, pois é vedado ao Poder Legislativo criar despesas, uma prerrogativa única do Executivo.

A CCJ desaprovou o veto somente para fazer jogo de cena, pois seus membros sabiam – ou deveriam saber – desse princípio basilar da Constituição. Preferiram, entretanto, jogar a matéria para o Plenário com direito a vaias e tudo mais.

Era uma causa perdida.

Aumento

Fica, portanto, com o Executivo todo ônus pelo pequeno reajuste que em nada vai minorar a situação do funcionalismo.

Condenar a Assembleia e os deputados por isso é puro desconhecimento da Lei.

Quanto à maioria apertada conseguida pelo governo é sempre bom lembrar que quem detém a caneta detém também a razão.

Os números comprovam isso.

Despencando

A popularidade de Dilma cai a olhos vistos. Essa Copa deixada de herança por Lula era uma bomba de efeito retardado.

Que explodiu agora.

Folga