Rubens Nóbrega
A Prefeitura da Capital não apenas deve manter a ‘ciclofaixa’ colada à calçadinha das praias de Cabo Branco e Tambaú e os carros estacionados no meio da rua. Também está montando um meio fio sobre o asfalto novo da orla.
Agora, além de subir o piso e a temperatura no leito da rua, deve aumentar também a chance de qualquer transeunte mais despreocupado tropeçar e cair graças ao catombo linear e comprido estirado sobre a camada de CBUQ.
Conforme antecipei em artigo anterior, trata-se da confirmação de uma estupidez ou arrumado que nasceu para beneficiar uns poucos e se consolida em prol de uns tantos que seguramente não formam segmento expressivo da população.
Considerando hoje a inevitabilidade da ‘obra’, manifesto o temor de que por conta da novidade venha por aí um festival de quedas e topadas. Sugiro, portanto, muita atenção a quem cruzar a pé qualquer das nossas avenidas atlânticas.
Primeiro, olhe atentamente para o chão e tente enxergar entre um carro e outro se tem ou não a linha de cimento ou coisa parecida que colocaram, presumo, para separar carros de bicicletas.
Se escapar dessa, ou seja, se não tropicar na beira da calçadinha, antes de pisar na ‘ciclofaixa’ cuide de esticar o pescoço para os dois lados. Olhe de norte a sul e veja se não tem perigo de você ser atropelado por algum ciclista.
Por fim, se conseguir chegar ileso à calçada, aí fique ainda mais atento para não ser abalroado nem derrubado no chão por qualquer esqueitista ou patinador desembestado.
Mas se a sua intenção é tomar banho de mar ou ocupar algum espaço na faixa de areia, reze para não levar uma bolada nem esbarrar em qualquer dos muitos obstáculos que hoje tomam conta das praias de João Pessoa.
Refiro-me aos cercados, cavaletes, aparelhos de ginástica, traves de pelada, redes de vôlei e outros equipamentos lá colocados por promotores de eventos ou instrutores de malhação e esportes diversos.
Nada contra esse pessoal ou suas atividades, mas a coisa chegou a um ponto que se impõe urgentemente uma intervenção do poder público para organizar a ocupação do solo que deve ser livre e acessível para todos em toda a extensão da orla.
Nesse caso, presumo que a Prefeitura, a Capitania dos Portos, o Patrimônio da União e o Ministério Público, Federal ou Estadual, tenham responsabilidades a dividir e tarefas a executar na proteção ambiental do pedaço mais concorrido da cidade.
É preciso conciliar todos os interesses em atenção e respeito à maioria dos usuários das nossas praias, tanto daqueles que nelas fazem seu lazer como daqueles outros que lá trabalham, sobrevivem ou ganham dinheiro.
Resta saber se os órgãos citados e respectivos dirigentes vão acordar pra Jesus ou continuar fazendo vistas grossas, dando uma de João sem Braço diante dos problemas que se acumulam na orla.
Entre os problemas, não devemos esquecer os sem teto, alcoólatras, viciados em drogas baratas e mendigos que fizeram da areia da praia a sua morada ou dormitório.
Essa pobre gente não precisa ser removida na base da porrada, é bom avisar. Sosseguem e segurem truculentos em geral e bombados em particular, portanto. Mas algo precisa ser feito.
Alguém precisa chegar junto para oferecer-lhes abrigo, comida e serviços médicos que recuperem um pouco a saúde física, mental e emocional de seres humanos vítimas de injustiças sociais ou desgraças pessoais.
Alvos bem escolhidos
Veneziano Vital, Luciano Cartaxo e Anísio Maia devem ter sido eleitos alvos preferenciais do caríssimo e aparatoso esquema de mídia a serviço da Corte. A julgar pelo que tenho ouvido no rádio e lido em alguns portais e redes sociais, ultimamente, a ordem é abater ou, no mínimo, bater. Qualquer dos três. Ou os três.
Demissão? Que nada!
Ricardo Coutinho garantiu ontem que não seguirá a recomendação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de demitir mais de 10 mil prestadores de serviço. Evidente que não. Em ano pré-eleitoral? Nem pensar! Demissão em massa é coisa de primeiro ano de governo, na lógica maquiavélica de fazer o mal à vista e o bem a prazo.
27,4 mil ‘prestadores’
Somando prestadores de serviço propriamente ditos (26.451), temporários (344), estagiários (5) e ‘outros’ (633), até setembro de 2012 o Estado mantinha em sua folha nada menos que 27.433 funcionários não concursados contratados pelo atual governo, que no primeiro ano de mandato botou mais de 22 mil no olho da rua da amargura.
Mesma velha história
Os números da folha do Estado estão disponíveis no Sagres, o sistema do TCE que permite a qualquer um acompanhar os gastos do Estado e das prefeituras. Também lá dá para conferir e confirmar que o governador que se elegeu em 2010 prometendo ser diferente faz igual ou pior que os seus antecessores em matéria de empreguismo.