Uma estudante de Direito, de 35 anos, contou que teve fotos íntimas vazadas na internet depois de deixar o celular para consertar em uma loja especializada na última semana. A mulher ainda afirma que foi vítima de ameaças nas redes sociais.
A universitária suspeita que funcionários da loja tenham ligação com o vazamento das fotos. A estudante registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos, em Vitória.
Segundo relato da mulher, ela entregou o celular na loja para fazer um reparo, pegando o aparelho de volta no mesmo dia. Dois dias depois, ela diz que foi chantageada por um homem que entrou em contato com ela pela internet, obrigando a mulher a passar o número de telefone e a assediando sexualmente. Se ela não fornecesse o contato, o homem vazaria as imagens íntimas dela.
“Tenho várias fotos aqui. Manda seu número, quero falar com você. Se não, vou espalhar”, disse o internauta para a vítima por meio do aplicativo “Messenger”, do Facebook.
Em seguida, o dono do perfil bloqueou a vítima e fotos íntimas da estudante começaram a ser espalhadas nas redes sociais, de acordo com relato da estudante.
No domingo, outra surpresa desagradável: um outro perfil publicou na linha do tempo da vítima uma foto íntima dela, de modo aberto, para que todos os contatos da mulher vissem.
“Toda a minha família foi abalada por esses crimes. Inclusive, foi um dos meus filhos adolescentes que me avisou da publicação no meu feed do Facebook. Um constrangimento muito grande”, lamentou a vítima.
A Polícia Civil confirmou que o caso foi registrado nesta segunda-feira (27) e está sob investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Eletrônicos. A assessoria de imprensa da corporação disse que não vai repassar mais informações para não atrapalhar o trabalho da polícia.
A divulgação de fotos íntimas de terceiros, sem autorização, pode implicar no crime contra a honra de calúnia, com pena de três meses a um ano e multa. Se a internet for o meio utilizado para efetivar a difamação, a pena poderá sofrer aumento de um terço. Quem compartilhou as imagens nas redes sociais, se tiver intenção de ofender a honra da vítima, também pode ser responsabilizado.
“Infelizmente este é um caso bastante comum. Os arquivos em formato digital, em razão de sua própria natureza, podem ser copiados e recuperados facilmente”, comenta o mestre em direito e professor da FDV, Bruno Costa Pereira.
A reportagem procurou a loja suspeita de ter vazado as fotos, mas não conseguiu contato com os responsáveis. O nome da empresa não será revelado porque a polícia ainda não concluiu a investigação.
‘IMAGINA UM FILHO TE AVISANDO QUE TEM FOTO ÍNTIMA SUA NA INTERNET’
Em entrevista ao Gazeta Online, a vítima fala sobre o constrangimento de ter as imagens expostas na redes sociais.
1) Por que você desconfia que alguém da loja vazou as imagens?
Porque eu deixei o celular lá na semana passada, com as fotos, confiando no caráter das pessoas, e peguei o aparelho no mesmo dia, umas três horas depois. As fotos estavam no aparelho. Não imaginava que alguém teria a maldade de espalhar. Dois dias depois, as fotos que estavam no aparelho vazaram.
2) Como você ficou sabendo do vazamento das fotos?
No sábado, comecei a ser chantageada por um internauta que nunca vi e não sei quem é, começando a mandar essas fotos. Querendo fazer sexo e pedindo o telefone, com mensagens de baixo calão. Depois me bloqueou no Facebook e, em seguida, comecei a receber mensagens de amigos avisando que as fotos estavam circulando na rede.
3) Como você se sentiu ao ser exposta dessa forma?
Fiquei muito mal, um constrangimento sem fim. Imagina o que é ver um filho adolescente te avisando que tem foto íntima sua na internet? No domingo, um outro internauta postou uma foto na minha linha do tempo, para todo mundo ver. Meus filhos viram e um deles foi me acordar para avisar.
4) O que você espera agora?
Quero que os responsáveis sejam punidos. Minha família está muito abalada, ninguém merece passar por isso. Estou até pensando em trocar meu número porque várias pessoas já me ligaram falando coisas horríveis. Está muito difícil.
Créditos: Gazeta Online