No fim de novembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu o aval para a vacina bivalente contra a Covid-19 produzida pela Pfizer. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que os primeiros lotes do imunizante devem chegar nas primeiras semanas de dezembro, porém, sem especificar a data ou a quantidade de insumos que serão disponibilizados, gerando dúvidas entre a população.
Desde que a pandemia começou, o vírus vem sofrendo mutações — o que é normal — entretanto, em razão disso, vacinas atualizadas precisam ser fabricadas. Os novos imunizantes são produzidos pela farmacêutica Pfizer e protegem contra a cepa original do vírus, a variante Ômicron e suas subvariantes BA.1, BA.4 e BA.5.
Essas vacinas estimulam nosso sistema imunológico a elaborar uma linha de defesa mais específica e, consequentemente, mais eficaz contra o vírus. O objetivo dela é expandir a resposta imune e melhorar a proteção da população.
É provável que a remessa que chegar não englobe a população como um todo, sendo preciso fazer uma nova contingência de grupos. Segundo especialistas ouvidos pelo EXTRA, os grupos prioritários, ou seja, os que têm maiores riscos de desenvolver a forma grave da doença, serão os primeiros a receberem a vacina bivalente. São eles: os imunossuprimidos — sejam transplantados, com doenças autoimunes, ou pacientes oncológicos — e os idosos com mais de 75 anos de idade.
Nos estudos clínicos, a vacina bivalente demonstrou capacidade de produzir quatro vezes mais anticorpos neutralizantes contra as variantes BA.4 e BA.5, quando comparada à monovalente, sobretudo nesses grupos de risco.
— É importante ressaltar que as vacinas vigentes, ou seja, as monovalentes, também tiveram um resultado parecido e continuam oferecendo proteção. Tanto que passamos por uma nova onda de casos de Covid, e o número de hospitalizações e mortes não teve um impacto tão grande quanto ondas anteriores. Mas a vacina é preventiva, precisamos que ela sempre esteja olhando para frente, atualizada e a mais preparada para nos proteger do que podemos encontrar mais para frente — afirma o infectologista e pesquisador da Fiocruz José Cerbino.
Não espere pelos novos imunizantes
José Cerbino afirma ainda que as pessoas não devem esperar a nova vacina chegar para seguir com as doses previstas no calendário, completando o esquema com as vacinas já disponíveis. Principalmente a população que apresenta comorbidades ou grupos de risco que já tomaram suas doses há alguns meses e precisam estar com uma resposta imunológica sempre alta.
— Ainda há muitas dúvidas em torno da distribuição da vacina, pois sabemos que os novos imunizantes são bons e eficazes para a população em geral, porém, as vacinas vigentes também estão fazendo o seu papel e protegendo as pessoas contra casos mais graves, internações e mortes. Então ela é necessária para os demais grupos ou apenas os prioritários — afirma o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime.
O infectologista diz que “aparentemente” a vacina bivalente será dividida entre duas doses para os grupos prioritários entre intervalos de até seis meses e apenas uma dose para a população em geral. Ela pode ser utilizada como reforço único a quem tomou a primeira dose da vacina monovalente, independente do fabricante.
Mais de 77 milhões não tomaram primeira dose de reforço
Diferente do que ocorreu durante a aplicação do esquema primário, com duas doses do imunizante ou dose única, em que a população compareceu em peso nos postos de saúde, a terceira dose não teve o mesmo engajamento e sofreu uma queda no número de imunizados com a vacina.
“Mais de 77 milhões de pessoas deixaram de comparecer aos postos de vacinação para receber a primeira dose de reforço. Estudos mostram que a estratégia de reforçar o calendário vacinal aumenta em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e óbitos pela Covid-19”, disse o ministro da saúde Marcelo Queiroga.
— Muitas pessoas estão se confundindo, achando que as vacinas que as crianças (de 6 meses aos 3 anos) estão recebendo hoje é a bivalente, mas não é. Além dela não ter chegado ao Brasil ainda, a Anvisa autorizou apenas o uso dela para pessoas acima dos 12 anos. Outra dúvida que me perguntam muito é sobre os efeitos adversos que ela pode ter. Não há diferenças entre a vacina bivalente da Pfizer e as monovalentes. Como em qualquer vacina, um grupo pequeno pode sentir um pouco de dor no local da aplicação, no corpo ou de cabeça, além de febre. Ressalto que as pesquisas clínicas realizadas não tiveram nenhum efeito adverso grave em nenhum participante. Ela é totalmente segura — afirma Patrícia Vanderborght, doutora em Biologia Molecular pela Fiocruz e Gerente de Imunização Humana do laboratório Richet na Rede D’Or.
As duas vacinas já estão aprovadas em cerca de 35 países, entre eles Canadá, Japão, Reino Unido, EUA, Austrália e Singapura, além da União Europeia.
Fonte: Assessoria
Créditos: Assessoria