COUTO: CASO PARA DILMA

POR PAULO SANTOS

Os funcionários da Aeronáutica, tripulantes do voo que trouxe e levou a presidente Dilma Rousseff na sua meteórica visita a João Pessoa, dias atrás, não devem ter visto uma bomba chiando depositada no colo da Suprema Mandatária da Nação quando entrou na aeronave no retorno a Brasília.
O artefato explosivo atende pelo singelo nome de Luiz Couto. Isso mesmo: o sacerdote e único deputado federal do Partido dos Trabalhadores da Paraíba é um problema a ser resolvido quando começar a ser desembrulhado o pacote da chapa majoritária na eleição de 5 de outubro próximo.

Couto não está entrando nessa estória como Pilatos entrou no Credo. Ele teria surgido na conversa entre a presidente Dilma e o prefeito Luciano Cartaxo quando Rousseff sugeriu que o irmão gêmeo do alcaide fosse candidato a senador. O Prefeito integra o grupo majoritário no PT tabajara, mas quer a união total no projeto urdido com o PMDB.
O problema é que, na visão dos petistas que comandam a agremiação, o deputado federal Luiz Couto há mais de quatro décadas vive surfando nas ondas da rebeldia, em eterno conflito com seus companheiros e sempre obtendo vantagens e regalias. Demonstrações sérias foram os posicionamentos nas eleições de 2010 e 2012.
Há outros pontos na agenda conjunta entre PT e PMDB, mas as dissidências criadas por Luiz Couto parecem ter esgotado a paciência dos correligionários e seu enquadramento deverá ser obtido pela direção nacional. A visão geral é de que todos devem ter uma cota de sacrifícios para que a campanha deslanche.
O ponto de partida será a evidência de que a família Cartaxo vai para o sacrifício, com Lucélio abrindo mão de sua campanha para deputado federal para figurar como candidato ao Senado na chapa de Veneziano. O PT da Paraíba já tem tradição de concentrar esforços na reeleição de Luiz Couto e desta vez não seria diferente.
Se a presidente Dilma e o ex-presidente Lula conseguirem pacificar o PT paraibano com a adesão de Couto ao projeto ora em fase de elaboração será o coroamento de uma série de concessões feitas por vários setores, incluindo o segmento majoritário liderado por Luciano Cartaxo.
É bom não esquecer que há alguns meses esse grupo irrompeu no cenário político com uma candidatura própria, dando o papel principal à advogada Nadja Palitot, mas essa tese foi pouco a pouco sucumbindo diante do pragmatismo de petistas como o deputado frei Anastácio e Giucélia Figueiredo que defenderam a união com o PMDB,
O presidente do partido no Estado, Charlinton Machado, foi um dos se renderam ao acordo com o PMDB, juntamente com o deputado Anísio Maia, que engoliu o “sapo” a contragosto e já revelou que não será empecilho para a convivência com os peemedebistas, mantendo posição crítica frente à questão.
Caso consigam amansar Luiz Couto para voltar lépido e fagueiro ao seio do partido, a missão não termina por aí. Será difícil convencer o parlamentar petista a fazer campanha com alguns correligionários de Maranhão, como é o caso do seu colega deputado federal Manoel Júnior. A quem considera como inimigo irreconciliável.