Nesse contexto de luta pela Independência, de superação do status de colônia e de busca de afirmação da Nação brasileira, nós já podemos encontrar um bifurcamento da visão de Nacionalismo. De um lado temos dominantemente o nacionalismo ufânico das poesias de Gonçalves Dias:
Onde canta o sabiá (…)
Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas têm mais flores.”
Levantai-vos heróis do Novo Mundo
Andrade arranca esse pendão dos ares
Colombo fecha a porta dos teus mares.”
Aliás, o nazi-fascismo utilizou-se plenamente desse nacionalismo ufânico e alienado como forma ideológica de mobilização das massas. Desde Mussoline; Hitler; Salazar e todos os demais tiranos até a Ditadura Militar brasileira tinham esse fundamento de manipulação. O Brasil de 1974, auge do regime militar, cantava nas ruas “Pra frente Brasil, Brasil / Salve a seleção”, enquanto isso (eis a questão) nos porões do regime pessoas eram torturadas e “desaparecidas”. Também as questões sociais ficam “desaparecidas” e tudo são alegria e festa. O que vale é sermos campeões de futebol. Sermos os melhores do mundo (em Futebol, claro!).
Não quero dizer que é ruim torcer pelo futebol brasileiro. É bom torcer sim! Pensei nesse assunto ao ver os carros com bandeiras, lojas, casas, ruas e avenidas repletas de verde-amarelo. O povo unido “em um só coração”. Tudo lindo, tudo belo. Mas que nacionalismo é esse que só serve para torcer durante a copa do mundo? Por que esse “um só coração” não bate pela vida de crianças abandonadas, não bate contra a miséria humana, não bate pelos ultrajantes indicadores sociais?
Fico sozinho imaginando como seria belo esse país mobilizado com essa mesma vontade e entusiasmo na luta pela Educação de qualidade; na luta pela Saúde; pela Moradia; pela Segurança. Todo mundo acompanhando nas ruas de todo esse imenso país o Congresso Nacional votando leis que garantissem o fim da corrupção. Imagine a cada voto o Povo gritasse: “GOOOOOOOOOOLL”, quero dizer “VOTOOOOOOOOOO”.