Contando os dias que faltam

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Por Rubens Nóbrega

Essa história de comemorar mil dias de um governo impopular deve estar começando a doer no governador. É como se tivesse levado um tiro no pé, disparado por ele mesmo ou algum fogo amigo do círculo mais íntimo e marqueteiro do poder.

A sorte é que o nosso governante quase não pisa no chão, de tanto que anda de avião. Dá, portanto, para curar a ferida na velocidade de um desses jatinhos que aluga (e a gente paga) pra ele percorrer até distâncias que venceria de carro em duas horas.

Mas o fato é o seguinte: tão logo foi lançada a campanha dos mil dias, que deve consumir milhões de reais em publicidade promocional de governo, começaram a surgir as versões e paródias que comemoram os feitos girassolaicos em sentido contrário.

A mais impactante e emblemática das campanhas alternativas é a contagem regressiva que muita gente boa abriu esta semana, agradecendo por cada dia transcorrido do tempo que falta para o fim do mandato de Ricardo Coutinho.

A propósito, estamos hoje a 469 dias do encerramento do Ricardus I. Mas pode ser que por trapaças da sorte aconteça o Ricardus II, para desespero da maioria arrependida até a alma de ter votado no homem que prometia ser diferente e vem conseguindo, no máximo, ser igual ou pior do que muitos de seus antecessores.

Mas, a preço de hoje, como diria o insuperável Joelmir Beting, no páreo a ser formado para a sucessão governamental de 2014 o atual ocupante do cargo tenderia a repetir o desempenho de Estelizabel Bezerra nas eleições 2012 para prefeito da Capital.
Principalmente se nesse páreo estiverem Veneziano Vital e Cássio Cunha Lima, dois expoentes da sempre decisiva Campina Grande (eleitoralmente falando), onde recentíssimas pesquisas para consumo interno de poderosos clãs locais dão intenções de voto abaixo de dois dígitos para Ricardo.

Batinga e os mil dias

“Paraibano não tem o que comemorar, apenas lamentar a administração desastrosa (…) que fechou 200 escolas, 25 coletorias, abandonou estradas e nos transformou em recordistas nacionais de assaltos a banco” (Carlos Batinga, Deputado Estadual, em entrevista ao Debate sem Censura da Rádio Sanhauá, de Bayeux).

Anísio e os mil dias

“Foram apenas 5% das verbas investidas na agropecuária e o Governo diz que estamos bem, mas a nossa produção é hoje apenas de 0,37% do total do Nordeste, quando já foi 2%. As obras de rodovia estão concentradas no Cariri para circular as riquezas de Pernambuco. Onde estão as maternidades que o governador prometeu que construiria uma por cidade? A Paraíba precisaria de R$ 7,5 bilhões por ano para, em oito anos, se equiparar a outros estados do Nordeste. O povo não está comemorando os mil dias de governo, mas sim fazendo a contagem regressiva para seu fim” (Anísio Maia, Deputado Estadual, ontem, em pronunciamento na Assembleia).

Eilzo e os mil dias

“Cinismo e crueldade, ganância e cobiça marcam o relambório dos mil dias de governo, assinado, proferido, divulgado com fanfarras e festas solenes, custeadas com dinheiro público, pelo governador do Estado. A sua presença na vida pública paraibana é marcada pelo desajustamento às regras da convivência social. A mídia deixa clara a extensão dessa incompatibilidade (…) Graças a Deus os seus dias no governo estão chegando ao fim” (Eilzo Matos, escritor).

Major Fábio e os mil

“Faz mil dias que o governo não dialoga com os funcionários públicos! Faz mil dias que o governador prometeu o PCCR dos Policiais e Bombeiros e não cumpriu. São mil dias com militares e bombeiros sem gratificação de risco de vida. A Paraíba completa mil dias de aumento na violência, como nunca viveu” (Deputado Major Fábio, falando na Câmara Federal, ontem, em Brasília).

O que diz o cidadão

“Faltam 469 dias para o fim do império da mediocridade que reina sobre a Paraíba. Faltam 469 dias para acabar a arrogância, a prepotência e a incompetência que oprimem a maioria dos paraibanos. Faltam 469 dias para as pessoas de bem voltarem a acreditar na chance de termos um governo que governe para a maioria, não para uns poucos sócios de um projeto de poder que faz do exercício desse poder um fim em si mesmo” (Vlado, cidadão obrigado a usar nome fictício para não sofrer retaliações, pois teme ser perseguido e muito prejudicado por quem não suporta liberdade de expressão).

Sarmento e as obras

Não deu pra trazer hoje o que o Professor Francisco Sarmento tem a dizer sobre a nota do senador Cássio Cunha Lima publicada ontem neste espaço. Amanhã, veremos. Quem acompanha a coluna sabe que ambos se referem a obras públicas projetadas, licitadas, contratadas, iniciadas ou executadas há muito mais de mil dias, algumas delas cobrindo lapso de tempo que vem do Maranhão II, passa pelos Cássio I e II e se estende ao Maranhão III