Com 30 votos a favor e dois contra, o Conselho Superior Universitário (Consuni) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) decidiu pela adesão do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), do governo federal. A votação aconteceu ontem durante reunião a portas fechadas dos conselheiros no campus de João Pessoa. Professores, estudantes e funcionários da universidade e do próprio hospital realizaram protestos na entrada da reunião. A UFPB foi a última instituição das capitais do Nordeste a aderir à Ebserh.
Segundo a reitora da UFPB, Margareth Diniz, a discussão sobre a administração do HULW passar para a Ebserh é antiga. “Nós já fomos contrários a essa proposta, acreditávamos que o governo federal pudesse repassar recursos financeiros e contratar recursos humanos para resolver os problemas que o hospital universitário enfrenta, mas essas mudanças não aconteceram. Agora, votamos pela adesão à Ebserh”, relatou.
O superintendente do Hospital Universitário, João Batista Silva, explicou as mudanças que acontecerão na administração. “A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares vai auxiliar a administração do hospital e gerenciar o patrimônio acadêmico, os servidores serão cedidos à empresa de forma que a assistência à população não ficará comprometida”.
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Entre os problemas enfrentados no HULW, segundo a direção do hospital, está a falta de profissionais de enfermagem. O déficit seria de 130 enfermeiros e 291 técnicos. A carência de profissionais também afeta a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e o setor de pediatria.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior da Paraíba (Sintesp-PB), Severino Ramos, a maior preocupação é a possibilidade de o hospital ser terceirizado por uma empresa privada. Com isso, segundo ele, os estudantes da UFPB podem perder espaço para realizarem os estágios que passarão a ser disputados também por estudantes de faculdades privadas. A mudança ainda poderia prejudicar os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que poderão perder a prioridade na hora do atendimento, pois disputarão a vaga com o paciente particular.
Segundo o presidente do Sindicato dos Professores da UFPB (AdufPB), Ricardo Lucena, com a ‘terceirização’, a universidade perderá a autonomia sobre qualquer decisão do HULW, como contratações, licitação, de priorização de atendimento e outras deliberações. “Há um desejo da atual administração, de aprovar o projeto de adesão da Ebserh, contra a opinião da própria comunidade universitária e se isso acontecer, todos serão prejudicados, não apenas os estudantes da UFPB, tendo em vista que o HULW é um hospital escola, mas também o usuário do SUS, pois uma das metas da Ebserh é de prestar atendimento a planos de saúde privado e sabemos que com isso o atendimento público não será mais priorizado”, alertou Ricardo Lucena.
O próximo passo para consolidar o contrato com a Ebserh será constituir uma comissão para fazer o levantamento das condições do Hospital Universitário para posteriormente encaminhar à Ebserh um diagnóstico da situação atual do HU.
Essa comissão também ficará responsável pela discussão acerca das cláusulas que deverão constar no contrato que vai ser firmado entre a UFPB, o HULW e a Ebserh.
Do Blog com JP Online
