Concursados esquecidos

Rubens Nóbrega

Conforme prometido ontem, trago hoje denúncia que me foi enviada via i-meio no último domingo (30) por candidato classificado no concurso da Polícia Civil do Estado realizado em 2008, no Cássio II.
O remetente comenta artigo do sábado (29) sobre temporários do Estado e mostra que o governador com pose de fazedor de concursos faz o que pode e o que não pode para não nomear concursados.
Inicialmente, lembra que graças a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual em 2010 (Maranhão III) a Justiça obrigou o Estado a capacitar cerca de 420 dos aprovados de 2008 na Academia de Polícia (Acadepol).
Segundo ainda a decisão (de juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública), ao término do curso de formação os concluintes deveriam ser nomeados. Logo em seguida, o Estado deveria convocar os demais aprovados dentro do número de vagas do concurso para fazer Academia.
Esses quase ou mais de 420 concluíram o curso em abril de 2011, ou seja, já no Ricardus I, que recorreu da sentença ao Tribunal de Justiça do Estado, para onde o processo subiria de qualquer jeito por se tratar de ação contra a Fazenda Pública.
No TJ os concursados ganharam por unanimidade, mas a Procuradoria Geral do Estado recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o Ricardus I também perdeu. Mas quem ganhou não levou. Nomeações e convocações continuaram empacadas.
Mesmo o STJ não tendo modificado a decisão da primeira instância, um ano e cinco meses após a conclusão do curso da Acadepol o governador Ricardo Coutinho não havia nomeado sequer a metade dos que terminaram a Academia em 2011, ressalta a fonte da coluna.
Os prejudicados cobraram, então, que a Justiça impusesse o cumprimento da sentença, mas inacreditavelmente o processo do caso (ou parte importante dos autos) desapareceu. Se alguém quiser ajudar a procurar, anote aí o número de protocolo: 20020100290721003.
“Pois é, o juiz não cumpre com os atos do processo, a chamada execução da sentença, nem o governo. Para RC, decisão judicial vale nada. E o Ministério Público simplesmente esqueceu o processo ‘perdido’ e nada fez nem faz”, queixa-se quem persegue o direito de assumir o cargo para o qual passou no concurso da Polícia Civil.
Resumindo, mais de 200 policiais já treinados pela Acadepol não foram nomeados e aproximadamente 800 outros aprovados naquele concurso até hoje aguardam a vez de cursar a Acadepol, tal como determinou a Justiça.
Os concursados se sentem esquecidos também pelo Ministério Público Estadual, “que nada mais faz para exigir do governador que cumpra as decisões tomadas e informa que não encontram o processo”, diz o revoltado policial não nomeado.
O denunciante encerra questionando se esse é o compromisso do monarca com a segurança pública e também com “os pais de família concursados que já foram matéria do Jornal Nacional pelo desrespeito do governador ao certame”.
À espera de esclarecimentos

Enviei anteontem pedido de esclarecimentos sobre esse caso ao governador Ricardo Coutinho e ao Ministério Público Estadual, autor da ação civil pública em favor da nomeação dos concursados.
A ação foi ajuizada pela Promotoria do Patrimônio Público de João Pessoa, atualmente integrada pelos promotores de Justiça Ádrio Nobre, João Benjamim e Rodrigo Pires. Continuo no aguardo de resposta das autoridades.

 

Faltando agente penitenciário

Apesar de o governador afirmar categoricamente que nomeou todos os agentes penitenciários concursados, pelo menos 167 deles garantem que isso não é verdade.
E o fazem não apenas com base no que têm como seu por direito (tomar posse no cargo), mas também graças a documento fornecido pela própria Secretaria de Administração Penitenciária.
Trata-se do Ofício nº 249Subgerh2012, de 27 de setembro último (cópia entregue ao colunista), onde consta a seguinte informação: “O quantitativo de Agentes de Segurança Penitenciária (concursados), em exercício no Sistema Prisional do Estado da Paraíba, é de 1.345 (hum mil, trezentos e quarenta e cinco) servidores”.
Na conta dos concursados esquecidos ou descartados, mais 488 foram nomeados no dia 28, perfazendo um total de 1.833 nomeações. Como foram 2 mil as vagas oferecidas no concurso a que se submeteram, restariam, portanto, 167 nomeações não efetivadas pelo governo.
MPPB processa Jota Júnior

Entre outras boas encrencas, o prefeito Jota Júnior, de Bayeux, meteu-se em uma das maiores. Foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Estadual por fraudar leis aprovadas pela Câmara de Vereadores, das quais teria modificado artigos inteiros, além de retroagir datas de efeito, tudo em cumplicidade com procuradores do município.