Em correspondência enviada ao Vaticano Mariana José Araújo da Silva denunciou o suposto acobertamento de casos de exploração sexual de crianças e adolescentes por padres e seminaristas, além do envolvimento do próprio mandatário da Igreja no Estado em relações homoafetivas.
A autora foi processada por calúnia e difamação, os advogados do ex arcebispo da Paraíba acusaram Mariana de divulgar a carta á imprensa. A acusação foi julgada improcedente e Mariana foi inocentada. Após o vazamento da carta, Dom Aldo renunciou o cargo de Arcebispo.
“Ela foi muito pressionada, caluniada, difamada e até desrespeitada em sua honra. Colocaram em dúvida a sanidade mental dela. Foi preciso os exames de sanidade mental para comprovar que isso não existia”, explicou. Iarley Maia ainda negou a tese de que a mulher teria negado as informações denunciadas à Igreja.
Mariana foi absolvida porque não ficou provada a intenção da mulher em difamar ou atacar a honra do arcebispo ao endereçar a carta à Igreja Católica.
Denúncia
Mariana é a autora da carta remetida ao Vaticano que denunciava os supostos casos de pedofilia na Igreja. Depois a acusação, a Arquidiocese da Paraíba foi alvo de “visitas canônicas”, coordenadas pelo Nunciato Apostólico, para averiguar a veracidade das denúncias. No passo seguinte, o religioso foi proibido de ordenar padres e diáconos. O resultado do processo foi a carta renúncia do arcebispo, aceita pelo papa Francisco no dia 6 de julho deste ano. A renúncia foi aceita com base no Artigo 2 do cânone 401 do Código de Direito Canônico, ou seja, por “grave causa”.
Carta escrita por Mariana e enviada ao Vaticano, com denúncias contra dom Aldo
Dom Aldo é acusado de ter acobertado os casos de pedofilia e de ter mantido relacionamento com um dos jovens. O processo de Mariana José Araújo Silva tramita no Fórum Criminal de João Pessoa e está na fase seguinte às alegações finais, quando deverá ser decidido pelo juiz Hermano Gomes. O advogado Iarley Dutra alegou nos autos que a não cabe denúncia de injúria e difamação contra a denunciante porque não houve dolo.
As denúncias de acobertamento de casos de pedofilia estão sendo investigadas no Ministério Público da Paraíba, através da Promotoria Criminal de João Pessoa. O órgão recebeu um calhamaço de 88 páginas foi encaminhado pela Polícia Federal com denúncias contra clérigos da Igreja Católica apontando indícios de abuso sexual contra adolescentes. Os documentos foram repassados ao coordenador das Promotorias Criminais em João Pessoa, José Guilherme Soares Lemos.
A agência de notícias AFP, ao noticiar a renúncia de Dom Aldo, destacou a investigação contra o arcebispo, que começou em 2015. Em uma carta enviada ao Vaticano, a mulher relatou que Dom Aldo mantinha relação afetiva e sexual com um jovem de 18 anos e permitia e encobria o relacionamento de padres e seminaristas com crianças e adolescentes. No mesmo ano, o arcebispo foi alvo de visitas canônicas e teria sido impedido de ordenar novos padres.
Em sua carta de renúncia, Dom Aldo afirma que cometeu erros “por confiar demais, numa ingênua misericórdia”. “Acolhi padres e seminaristas, no intuito de lhes oferecer novas chances na vida. Entre outros, alguns egressos, posteriormente suspeitos de cometer graves defecções, contrárias à idoneidade exigida no sagrado ministério”, destaca.
O Papa Francisco decidiu no início de junho pressionar a hierarquia católica a abrir caminho para o afastamento de padres culpados por negligência envolvendo casos de pedofilia dentro da Igreja. Francisco criou uma instância judiciária para julgar os padres pedófilos e instituiu uma comissão internacional de especialistas encarregados de propor medidas de prevenção desses casos.
Carta de renúncia
Em sua carta de renúncia, Dom Aldo, que esteve à frente da Igreja Católica na região de João Pessoa por 12 anos, cita os motivos que o levaram a tomar a decisão de se afastar da Arquidiocese, mas também resgata sua história no cargo.
Laia abaixo a carta de deu início a todo o processo contra Dom Aldo
Entenda o caso
Autora de carta contra dom Aldo não recuou de acusações, diz advogado
Novos desdobramentos
O Ministério do trabalho condenou a igreja católica a pagar um a indenização de R$ 12 milhões após condenação por exploração sexual de crianças e adolescentes.
Segundo reportagem exibida na noite deste domingo, 20, no Fantástico, da Rede Globo, o ex-arcebispo metropolitano Dom Aldo Pagotto e um grupo de sacerdotes pagavam para abusar de flanelinhas e coroinhas.
Na reportagem, o procurador do Trabalho Eduardo Varandas falou sobre a investigação a três padres que atuavam na grande João Pessoa, “o que foi apurado foi que havia um grupo de sacerdotes habitual que pagava por sexo a flanelinhas, coroinhas e também a seminaristas, a característica da exploração sexual é a ausência de vontade livre para praticar o ato”, disse Varandas.
Uma das vítimas, que não foi identificada pela reportagem, disse que se envolveu com três padres enquanto era seminarista. Os padres Jaelson Alves de Andrade, Ednaldo Araújo dos Santos e Severino Melo são citados em vários depoimentos de jovens que foram assediados no esquema, que teria o conhecimento e participação do então arcebispo Dom Aldo Pagotto, nos 12 anos em que esteve a frente da arquidiocese.
Assista a matéria veiculada no Fantástico deste domingo (20)
https://www.youtube.com/watch?v=BvmNuEQLi9k
Fonte: Polêmica Paraíba / G1
Créditos: Polêmica Paraíba / G1