Como salvar a PB via RN e Pernambuco

Gilvan Freire

A ideia de Ricardo Coutinho de integrar a Paraíba no esforço de desenvolvimento dos Estados vizinhos do Rio Grande do Norte e Pernambuco é a única formulação consistente do atual governo na rota da prosperidade econômica que o Nordeste vem alargando, com índices de crescimento superiores à média nacional.

Se essa lógica de união com os outros Estados estiver mexendo com a cabeça de RC, que já não vê mais como possa sozinho sobressair-se em meio a dois gigantes da economia regional, é também possível que seja capaz de achar que, se é possível unir-se com gente de fora para salvar a Paraíba do atraso, possível também será unir a própria Paraíba para não agravar a situação atualmente existente.

Mas se Ricardo pensa que salva o nosso Estado apenas unindo-se a outros governadores, está montando uma equação de riscos, pois quando um fraco se une a dois fortes há uma natural tendência de que o fraco não fique forte e os fortes fiquem ainda mais fortes.

A verdade é que o mérito de governar bem a Paraíba passa pelo mesmo desafio já ocorrido com o Rio Grande do Norte, que rompeu um cinturão histórico de pobreza só assemelhável à nossa e prosperou pela ação de seus governantes.m certo momento histórico, é o desafio que conta. Prosperar ou não é uma questão de compromisso e talento, ou se tem, ou não. Argemiro e João Agripino, afora outros em menor escala, provaram antes, na Paraíba, que é possível ter.

A DESUNIÃO PODE REFLETIR O FRACASSO DO LÍDER

Até mesmo nas relações domésticas e na construção de uma entidade familiar, o papel do líder é primordial. Não é difícil perceber, durante ou depois da obra, as interferências ruins ou boas de um chefe de família, um líder com a capacidade de conduzir bem ou destroçar as estruturas familiares. Onde houver crescimento, expansão ordenada e êxitos repetidos, logo se saberá que por trás daquelas vitórias e da prosperidade havia um líder, lá no tronco, com sabedoria, concórdia e esmero na construção de um rebanho fecundo e próspero. E nem precisa ter edificado uma família muito rica e nobre. Basta que tenha montado uma linhagem de pessoas trabalhadoras e dignas.

No caso da Paraíba, antes de submetê-la ao bom gerenciamento econômico dos governadores de RN e Pernambuco, que fatalmente irão exercer influência direta no nosso desenvolvimento integrado, RC tem de recorrer a seus servidores internos, auxiliares seus na administração, para poder governar o Estado do qual é só ele o governador, sob pena de fracassar porque quer fazer com os de fora o que não sabe fazer com os de casa.

Mas se RC pacificar seu governo, apelar para a conciliação familiar interna, ainda que não possa (como não poderá) unir todo o Estado, será uma transformação muito surpreendente e saudável.

Contudo, recorrendo à desarmonia e à querela como tática de convencimento pela agressão e pelo autoritarismo intranquilizador, RC só será líder de si mesmo. E só nos restará, por plebiscito, escolher entre RN e PE (se não pudermos preferir os dois) para administrar, na ausência de Ricardo ou suprindo a sua incapacidade de convivência pacífica.