Mesmo citado na delação do senador Delcídio Amaral (Sem partido-MS), o vice-presidente Michel Temer (PMDB) está livre de investigação, até o momento, na Operação Lava-Jato. A equipe do procurador-geral Rodrigo Janot entendeu que as acusações de Delcídio e outras citações ao nome de Temer, por investigados na Lava-Jato, não são suficientes para sustentar um pedido de inquérito específico contra o vice-presidente.
De acordo com apuração do GLOBO, a Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu investigar a presidente Dilma Rousseff para verificar se houve crime na tentativa de nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, e na indicação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). O GLOBO apurou ainda que a PGR também quer investigar o ex-presidente Lula, no inquérito principal da Lava-Jato, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT). As investigações, no entanto, dependem de autorização prévia do ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A possibilidade de um pedido de inquérito contra Temer vinha sendo cogitada desde a homologação da delação de Delcídio. Num dos depoimentos, o senador disse que Temer foi o responsável pelas indicações de Jorge Zelada e João Augusto Henriques Rezende para a diretoria de Internacional da Petrobras. O nome de João Henriques foi rejeitado pela presidente Dilma Rousseff. A vaga foi ocupada por Zelada. Os dois já foram condenados por corrupção pelo juiz Sérgio Moro, da 13 Vara Federal de Curitiba.
Temer foi citado ainda em conversas do presidente da Cämara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com Léo Pinheiro, dono da OAS. Num dos diálogos, Cunha reclama que o empresário liberou o pagamento de R$ 5 milhões para Temer antes de pagar a parte dele. O nome do vice aparece também em uma planilha apreendida pela Polícia Federal com ex-executivos da Camargo Corrêa.
No documento, o nome de Temer aparece vinculado a dois pagamentos de US$ 40 mil e a duas obras, uma em Araçatuba e outra em Praia Grande, em São Paulo, tocadas pela Camargo Corrêa. O lobista Júlio Camargo, um dos principais delatores da Lava-Jato, disse também que outro lobista, Fernando Soares, o Baiano, réu confesso de pagamento de propina, mantinha contato com o vice-presidente.
Para a equipe de Janot, estas referências são indiretas, portanto, insuficientes para justificar um pedido de inquérito no momento. Há duas semanas, ao ser perguntado sobre as citações a Temer o advogado Antönio Mariz e um dos assessores da vice-presidência negaram qualquer irregularidade na conduta de Temer.
A explicação da assessoria é que Temer apenas chancelou a indicação de Zelada a pedido da bancada do PMDB de Minas Gerais. Ele, de fato, recebeu R$ 5 milhões da OAS, mas a título de contribuição de campanha. O vice sustenta que não conhece Fernando Baiano e que nunca apresentou emendas ou fez qualquer gestão em favor das obras da Camargo em Araçatuba e Praia Grande.
PGR pede autorização para investigar Aécio e cúpula do PMDB
Na tarde desta segunda-feira, o procurador-geral Rodrigo Janot pediu ao STF abertura de dois inquéritos para apurar o envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) com desvio de dinheiro de Furnas Centrais Elétricas e com maquiagem de dados do Banco Rural. Janot também solicitou a abertura de inquéritos contra o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva (PT), e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB.
Outros quatro peemebistas estão entre os nomes a serem investigados: Valdir Raupp, Jader Barbalho, Romero Jucá, apontado como homem forte de Temer, e Vital do Rêgo, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Os pedidos foram feitos com base na delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), um dos delatores da Operação Lava-Jato.
Fonte: O Globo