Cinemas terão que exibir propaganda do Governo

Esta semana foi aprovada, pela Assembleia Legislativa da Paraíba, o Projeto de Lei Ordinária (PLO) nº 1299/2013 que obriga todas as empresas que administram cinemas instalados no Estado a ceder um minuto antes das sessões ao poder público, para promover campanhas socioeducativas.

Para passar a vigorar, o PLO proposto pelo deputado Domiciano Cabral (DEM) espera a sanção do governador Ricardo Coutinho.

De acordo com o texto presente na ementa do projeto, a peça publicitária ficará a cargo do Poder Executivo, que também baixará as normas relativas à regulamentação da lei. Caso sancionada, as empresas que descumprirem poderão ser penalizadas com advertência, suspensão e perda do alvará.

Segundo o texto da justificativa, são exemplificadas campanhas como ‘Violência Não, Amor Sim!’ e ‘Quem Ama Não Mata’. “Se forem campanhas interessantes do tipo educação no trânsito, como respeitar a faixa de pedestre, não poluir as praias ou não fazer barulho no cinema são boas medidas”, avalia o cineasta paraibano Bertrand Lira.

Apesar de que a justificativa da lei afirme que o cinema tem um público que “por natureza, expressa o gostar por uma arte poderosíssima, um instrumento popular capaz de informar, educar e doutrinar”, a ementa não satisfaz a empresa CineSercla, companhia mineira que opera salas em João Pessoa e Campina Grande.

“Informamos que não somos favoráveis ao Projeto 1299/2013, tendo em vista que nossos clientes reclamam de quaisquer propagandas, incluindo trailer, antes das exibições dos filmes”, aponta o marketing do CineSercla por e-mail.

“O que reforça o nosso posicionamento sobre o assunto é o alto número de insatisfação do público reportada pelos nossos gerentes em função de o mesmo ser ‘forçado’ a assistir qualquer tipo de propaganda antes do filme”, acrescenta a empresa.

A reportagem também procurou as outras redes de cinemas que atuam em João Pessoa, o CinEspaço e o Box Cinépolis, mas até o fechamento da edição não houve posicionamento a respeito de nenhuma delas.

“O governo tem verba pra veicular essas campanhas e paga em outros veículos, por que ele não deveria pagar ao exibidor de cinema como paga nas outras mídias?”, questiona o diretor, produtor e editor paraibano Ely Marques.

O cineasta pede para os gestores públicos pensarem em fomentar o setor audiovisual, fazendo valer a lei do curta, a cota de tela para longas nacionais, entre outros projetos. “Estão interferindo mais uma vez apenas para tirar proveito de um meio de comunicação para interesse eleitoreiro por mais sutil que uma campanha seja”, aponta. “Ou no final não vai estampar a marca da gestão que veiculou a tal campanha ‘altruísta’?”.

Procurado pela reportagem, o autor da ementa, deputado Domiciano Cabral, não pode conceder entrevista devido à agenda cheia.

Do Blog com JP Online