Nonato Guedes
A saída de Wilson Santiago dos quadros do PMDB tende a fortalecer uma chapa interna às eleições majoritárias em 2014, com o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, como candidato a governador, ao mesmo tempo em que se reforça o comando de José Maranhão na sigla. A hipótese está sendo admitida por alguns setores do PMDB, embora contra Maranhão pese o fato de ter perdido sucessivas eleições majoritárias, inclusive, em 2012, a prefeito de João Pessoa. Fontes do seu círculo lembram, porém, que Maranhão não admite, facilmente, botar o pijama. Ele mesmo, em recentes declarações à imprensa, quando a saída de Santiago não estava oficializada, insinuou ser complicado afirmar que “desta água não beberei”.
Se tiver praticidade o que está desenhado – a pré-candidatura de Veneziano – e se Maranhão sentir-se tentado a disputar o Senado, ficaria em aberto apenas a vaga de vice-governador para efeito de composição com outros partidos. Outros interlocutores do PMDB advertem que esse quadro não é definitivo, invocando como justificativa o fato de que o partido enfrentará dificuldades para atrair parceiros na empreitada de 2014, quando o governador Ricardo Coutinho será candidato à reeleição pelo PSB e o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, pode ser adotado como candidato ao Executivo pelo Partido dos Trabalhadores, como admitiu ao “RepórterPB” o deputado estadual Anísio Maia.
“Do ponto de vista estratégico, chapa puro-sangue será quase um suicídio em 2014, quando estará em jogo apenas uma vaga de senador”, observa um interlocutor, oriundo dos quadros peemedebistas, que se diz preocupado com a repetição de erros na campanha do próximo ano. Para esse interlocutor, o PMDB deveria disponibilizar duas vagas – a de senador e a de vice-governador, como atrativo para coligação com outras legendas. Do contrário, corre o risco de ficar isolado na relação de forças em movimento para a disputa majoritária do próximo ano. O informante cita a declaração do próprio Anísio Maia de que o PT cogita lançar candidato ao governo, mas deixará em aberto as vagas de vice e senador para composições com o PP e PSC, com quem está articulado na Assembléia Legislativa. O PP tem como figura exponencial o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que é deputado federal licenciado. Sua vaga está sendo ocupada pelo suplente da coligação, Leonardo Gadelha, do PSC. Já o PSC é presidido pelo ex-senador Marcondes Gadelha, pai de Leonardo. Todo o esforço do PT será canalizado para “segurar” o apoio das duas legendas.
A vaga de senador que estará em jogo em outubro de 2014 é a que é ocupada atualmente pelo tucano Cícero Lucena. O parlamentar já admitiu interesse em concorrer à reeleição e busca sensibilizar o senador Cássio Cunha Lima a apoiar a pretensão. Cássio, em tese, está umbilicalmente comprometido com o apoio à reeleição de Ricardo Coutinho, mas tem exigido, em entrevistas, participação representativa para o PSDB, não deixando claro se o que interessa ao partido é a vaga de vice-governador ou a de senador, ou ambas. O atual vice, Rômulo Gouveia, que trocou o PSDB pelo PSD, do qual é presidente, tem acenado com a hipótese de sair candidato ao Senado, talvez percebendo a dificuldade para emplacar na chapa de reeleição ao Executivo. Correndo por fora, mobiliza-se o deputado estadual Ricardo Marcelo, presidente do Partido Ecológico Nacional – PEN, na Paraíba. Ricardo Marcelo tem adotado posição de independência e, em alguns casos, até de confronto, com o governo Ricardo Coutinho. Dificilmente faria parte de uma aliança em apoio ao atual chefe do Executivo, embora tenha ligações estreitas com o senador Cássio Cunha Lima.
Quanto ao PMDB, a cobrança que começa a ser feita por correligionários ilustres, é de que Maranhão faça concessões para outras lideranças, já que não abriu espaços para Wilson Santiago, conforme as queixas deste. O deputado federal Manoel Júnior tem pregado insistentemente a renovação nos quadros dirigentes e alertado para a necessidade de aproveitamento de líderes que estão emergindo nas fileiras da legenda. Embora tenha restrições ao comportamento da cúpula, Manoel Júnior não deu sinais de que pretenda deixar as fileiras peemedebistas. Este é o cenário com que o PMDB se debaterá depois de formalizado, logo mais, o ingresso de Wilson Santiago no PTB. Há mais dúvidas do que certezas quanto aos espaços que o PMDB terá em 2014, embora dirigentes como Antônio Souza lembrem que a tradição de importância do partido nas eleições paraibanas não pode ser subestimada. Wilson Santiago contrapõe a isso o rosário de derrotas experimentadas pelo PMDB em eleições consecutivas nos últimos anos.