Castigo implacável

Paulo Santos

A Petrobras começa a sofrer uma espécie de “linchamento” público através da mídia por conta da possível desativação doseu terminal distribuidor de combustível de Cabedelo. A realidade é cruel, incômoda, mas demonstra que o problema vai além de uma decisão da estatal responsável por tudo que se relaciona a derivados de petróleo no país.

Há duas questões fundamentais embutidas nesse problema: o monopólio oficial sobre o petróleo e o descaso da classe política – sobretudo dos administradores estaduais – sobre o que o futuro poderia reservar para a economia paraibana. Agora muita gente vai começar a correr atrás do prejuízo.

Ninguém de bom senso pode sair em defesa da Petrobras pois os consumidores paraibanos estarão sendo punidos pela adoção de políticas equivocadas definidas pelos governos Lula e Dilma de represamento dos preços pela via do subsídio. O mesmo tratamento se dispensa às autoridades estaduais pela incompetência na adoção de políticas que reduzissem o subdesenvolvimento dessa região dentro do macro, ou seja, do subdesenvolvimento brasileiro.

Já houve um tempo em que os governos paraibanos se preocupavam com seus próprios umbigos, mas tinham compromisso com o futuro. Argemiro de Figueiredo, João Agripino, Ernani Sátyro, Ivan Bichara, Tarcísio Burity e até Wilson Braga passaram pelo Palácio da Redenção e deixaram um legado de obras além de tijolos superpostos uns sobre os outros e uma placa com prazos, custos e propaganda ineficiente.

O que a Petrobras tem a oferecer não é perfumaria e os políticos em geral, até o advento das manifestações e protestos que têm enchido as ruas de reclamantes, se acostumaram a essa prática nefasta de encobrir seus péssimos desempenhos com propaganda enganosa e falsas soluções miraculosas para vários problemas.

É praticamente impossível que as romarias de políticos aos luxuosos e distantes gabinetes consigam reverter a decisão da Petrobras de deixar todos os seus depósitos apodrecerem em Cabedelo e erguer novos monumentos de tancagem em Suape. O incêndio do déficit da estatal tem que ser debelado e às custas dos paraibanos.

As perspectivas são desanimadoras. Dentro de algum tempo os preços dos combustíveis sofrerão aumentos consideráveis e isso deve gerar mais empobrecimento, sobre para os já pobres. É um castigo implacável. O povo paraibano não merece tanto sofrimento nem os políticos que tem.

CAMPOS
Perguntem ao governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos se ele é – ou não – favorável á mudança dos depósitos da Petrobras para Suape. Dependendo da resposta, saberemos se merecerá o voto dos paraibanos para presidente, em 2014, caso seja candidato.