Castelos de Areia

Bruno Filho

Tenho me preocupado muito com as notícias que leio sobre acontecimentos em construções recentes na área esportiva e temo o que poderá acontecer nos próximos anos, depois da passagem deste enorme furacão que leva o nome de Copa do Mundo. Este evento, que sem armas, adentra um país e assume o comando por tempo determinado e depois o abandona.

No Brasil não é diferente. Chegaram por aqui, estabelecendo novas leis, impondo a sua “Constituição” que deve ser cumprida custe o que custar, coisa de CQC mesmo ! E nós cumprindo a risca as determinações como cordeirinhos indefesos sendo tocados para dentro do celeiro. Caso não consigamos cumprir, castigo em cima de castigo através de um poder econômico que só o futebol pode ter.

Explicitamente sobre Engenhão, minha preocupação é tentar saber como uma construção que ainda não completou 6 anos pode estar com sua estrutura abalada. Com que material foi feita ? Quanto custou fazê-la ? São perguntas que não querem calar. E falamos de apenas 1 Estádio construído para os Jogos Panamericanos.

Desta vêz são 12. Uma duzia de monstros construidos e toque de caixa sabe-se lá com que material a que custo. Penso que o perigo do super-faturamento não é só financeiro, pode ir mais longe. O resultado não será visto agora, só depois do evento e aí as consequências poderão ser drásticas e até fatais. Torço para que nada disso aconteça e que eu esteja redondamente enganado.

Vamos lá. Como será a manutenção da Arena Amazonas, e da Arena de Cuiabá, aonde não temos nem um campeonato regional adequado e nem times em séries de Campeonatos Brasileiros. Teremos menos problemas em algumas delas como as do Sul e do Sudeste, além de Fonte Nova e Arena Pernambuco, mas mesmo assim confirmo meu temor.

Nosso país é pródigo em casos deste tipo, lembram-se de Sergio Naya e seus condomínios construídos com areia da praia. Não vou a tanto, mas me preocupo. Os patrocinadores não querem esperar e nem saber de problemas. Querem vender suas cervejas dentro das praçãs esportivas e seus produtos no território inteiro. Depois vão embora e deixam o lixo espalhado.

Pobre povo que acredita, uma Copa feita para turistas. O povão não conseguirá se aproximar das praças esportivas. Assisti a uma reportagem vinda de Porto alegre que me assustou. Moradores de uma comunidade próxima ao novo Beira-Rio constituida de gente trabalhadora , porém humilde, receberão senhas para poder circular no seu próprio bairro.

Terão horário para entra e sair e não poderão se misturar com os espectadores das partidas. Fim dos tempos. No momento em que voce é açoitado dentro de sua própria casa, sua vida está com os dias contados. Assistimos passivamente tudo isso calados, na expectativa de levantar uma Taça feita com um ouro que ninguém sabe de onde veio.

Pobre Brasil, que tem que submeter-se a algo que já foi comandado por gente denunciada a procurada até pela Interpol. Ninguém faz nada, e assiste complacentemente uma inversão de valores. Vida que segue. Só uma bola de Neymar entrar no gol e virá a cabeça…90 milhões em ação, embora sejamos hoje 200 milhões será que de torcedores ou de …fico por aqui !

Bruno Filho, jornalista e radialista, indignado e preocupado.