Cássio tinha razão de romper com Ricardo? E Campos, com Dilma?

 Sérgio Botêlho

Estelizabel Bezerra, secretária Chefe de Gabinete do Governo Ricardo Coutinho levanta tese curiosa para defender o rompimento do governador Eduardo Campos, e seu PSB, com a presidente Dilma Rousseff, e seu PT.
A tese de Estela visa combater o rompimento do senador Cássio Cunha Lima, e seu PSDB, com o governador Ricardo Coutinho, e seu PSB, que ela faz questão de diferenciar do que aconteceu entre Eduardo Campos e Dilma Rousseff.
Aliás, o debate começou mesmo de Cássio, que afirmou ter o mesmo direito de romper com Ricardo, e lançar sua candidatura ao governo estadual, assim como Campos teve o direito de romper com Dilma, e projetar sua candidatura presidencial.
Para a secretária do governo Ricardo, as duas situações são diferentes, porque, segundo ela, Eduardo Campos nunca teria sido governo com Dilma, enquanto que Cássio teria sido efetivamente governo com Ricardo. Assim, Campos tem razão, e, Ricardo, não.
Contudo, se formos olhar bem as duas situações, Campos foi mais governo com Dilma do que Cássio com Ricardo. Ao deixar o governo Dilma, o PSB desocupou dois ministérios, um deles de grande importância estratégica, no caso, o da Integração Nacional. O outro, o dos Portos.
Antes de sair, o ministro da Integração, Fernando Bezerra, aliado de Campos, ainda teve a oportunidade de liberar, nos últimos 30 dias de sua gestão, cerca de R$ 71,2 milhões de reais em convênios federais com o governo de Pernambuco, cujo titular é justamente Eduardo Campos.
Acho que Eduardo Campos tem todo o direito de aspirar a Presidência da República, constituindo-se inclusive numa opção interessante ao poder central do país. Normal, Campos não é do partido de Dilma, que naturalmente deseja continuar no poder por ele desejado.
O que não cabe é a comparação feita por Estela, criatura de comprovada competência e futuro político garantido. Cássio, ao deixar o governo, levou consigo apenas o secretário de Planejamento do governo Ricardo, Gustavo Nogueira.
Ademais, Gustavo não teve tempo de repassar tantos recursos para a Prefeitura de Campina Grande, governada pelo seu primo, Romero Rodrigues, quanto Bezerra para o governo pernambucano.
Enfim, nem Cássio tinha tanto poder assim, junto a Ricardo, nem lhe falta razão para o rompimento, uma vez que não é militante do PSB do governador, e seu partido, o PSDB, deseja voltar ao poder na Paraíba.
Simples, assim, como simples, assim, é o mesmo desejo de Campos, e seu PSB, relativamente ao poder federal.