Cássio tenta aliança nacional entre PSB e PSDB

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Nonato Guedes

O senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB) está empenhado na costura de uma aliança nacional do PSB com o partido tucano com vistas às eleições de 2014. Nas últimas horas, Cunha Lima reatou conversas com Eduardo Campos sobre o assunto, facilitadas pelo seu compromisso de apoiar, na Paraíba, a candidatura à reeleição do governador Ricardo Coutinho. De acordo com fontes qualificadas, Cássio age como emissário do senador mineiro Aécio Neves, pré-candidato ao Planalto, a exemplo de Campos. Os contatos foram intensificados diante dos rumores de que Campos poderia vir a figurar como vice na chapa encabeçada pela presidente Dilma Rousseff (PT), segundo versão publicada pelo jornal “Folha de São Paulo”.

O nome do governador pernambucano ecoou durante jantar de confraternização do PMDB na última terça-feira, diz a “Folha”, acrescentando: “Sentado à mesma mesa do vice-presidente da República, Michel Temer, o deputado federal Osmar Terra (RS) ressaltou ao companheiro de legenda que ele corria um sério risco de ser trocado pelo socialista. O evento ocorreu na casa do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)”. O encontro registrou ares tensos. Michel Temer permaneceu por menos de uma hora e meia no local e depois se retirou. Nesse meio tempo, foi bastante cobrado, principalmente para que se impusesse mais na defesa do partido e nas interlocuções políticas que têm sido feitas pelo Palácio do Planalto.

O presidente peemedebista, Valdir Raupp (RO), repetiu uma frase dita anteriormente pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão: “Do quarto ao oitavo andar do meu ministério só tem um peemedebista: eu”. O vice-presidente tentou reforçar que a presidente tem, cada vez mais, solicitado sua participação na articulação. Por outro lado, ouviu que a presidente Dilma Rousseff não o consultou sobre a proposta de reforma política. A petista também foi alvo de fortes críticas. Ela foi acusada de empurrar a crise para o Congresso e exigir sacrifícios do partido ao mesmo tempo em que o exclui do núcleo de decisões. Os peemedebistas foram incisivos em afirmar-se entre si contra a proposta de ampliação do curso de medicina no país. Sobre a reforma política, duas propostas foram fechadas: restrição de doações aos partidos e redução do prazo oficial de campanha eleitoral.

O jornal “Diário de Pernambuco” deu ênfase ao encontro programado por Eduardo Campos com integrantes das bancadas socialistas no Senado e na Câmara dos Deputados, no Recife. Os parlamentares estavam interessados em fazer um balanço das atividades do primeiro semestre e definir estratégias para os últimos meses de 2013. O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS) enfatizou: “Acho que a nossa bancada atuou de maneira autônoma, ficando ao lado do governo na hora de votar matérias importantes”. Ao fazer tal avaliação, o deputado teria deixado claro que o PSB mudou sua postura de atuação no Congresso Nacional, deixando de lado a condição de ser um dos partidos mais fiéis do governo federal, junto com o PT e PCdoB. Os sinais nesse sentido já foram dados. No auge dos protestos nas ruas do país, por exemplo, os socialistas ajudaram a enterrar o projeto de um plebiscito para discutir a reforma política, proposto pela presidente Dilma Rousseff.

De acordo com Beto Albuquerque, no segundo semestre, os socialistas, que continuam com o firme propósito de lançar a candidatura de Eduardo Campos à presidência da República, em 2014, já definiram como uma das bandeiras de luta a aprovação do projeto que obriga a União a aplicar 10% da receita em ações na área da Saúde. Uma pressão, aliás, que passou a fazer parte dos discursos do governador. Nos últimos dias, ele tem dito que a saúde só vai melhorar no Brasil com a liberação de mais investimentos e que, atualmente, a participação dos Estados e municípios é bem maior que a parcela do governo federal.

No que diz respeito ao senador Cássio Cunha Lima, ele tem ponderado, em conversas informais, que se não for viável a aliança entre o PSB e o PSDB no primeiro turno da disputa presidencial, que isto ocorra no segundo turno, quando o confronto deverá se dar com a presidente Dilma Rousseff. Cássio Cunha Lima tem uma relação bastante próxima de Aécio Neves. Governaram os respectivos Estados em idêntico período e, atualmente, no Senado, mantêm um entrosamento que é reconhecido por outras lideranças expressivas do tucanato.