CÁSSIO: O HOMEM CONDENADO A SER CANDIDATO

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Gilvan Freire

 

Um especialista em Cássio Cunha Lima, pessoa historicamente muito próxima a ele, disse recentemente que considera impossível Cássio apoiar Ricardo Coutinho à reeleição, independentemente de ele próprio poder ser candidato ou não.

 

Comparando esse prognóstico tão peremptório, produzido por um cassista roxo mas considerado por todos como um homem ponderado e lúcido, com as declarações feitas até o principio deste ano por Cássio, e mais recentemente pelo seu irmão Ronaldinho, a avaliação parece temerária. Afinal, até jornalistas se cansaram na tentativa de obter de Cássio, nestes últimos dois anos, uma palavra que possa indicar com clareza uma vontade sua de se separar de RC.

 

Não valem, no caso, palavras dúbias, porque essas têm sido proferidas dos dois lados – coisas comuns entre os políticos que não morrem de amores entre si e se juntam por conveniência ou necessidades acidentais. Valem só as palavras objetivas, dessas que não escondem as verdades sabidas, que não escondem os problemas existentes: os debaixo e os de cima dos panos; esses que o povo imagina que existem e os que o povo tem certeza de sua existência.

 

Entre Cássio e RC só há problemas grandes e graves, por mais que, para manter falsas aparências, os dois desmentem com freqüência (com a mesma habitualidade com que os fatos de repetem). Seria mais lógico se admitir que ambos se desmentem publicamente com freqüência mensal, tamanha a montanha de desencontros que ocorrem entre eles, criados todos por eles próprios, e não pelo imaginário coletivo.

 

Hoje, quando RC caminha para o desastre total, construído em três anos de crises de teor explosivo, fica mais fácil se perceber a desenvoltura com que Cássio dele se afasta, medindo as palavras de apoio (cada vez mais raras e curtas) e reunificando seu rebanho, como se nada mais precisasse dizer ou fazer. Nesse sentido, Cássio está cada vez mais antenado com o que pensa o cassismo, expresso nas palavras daquele pensador político de notável senso de análise, que encerrou a sua opinião admitindo: -“Chegou-se a um ponto tão crítico que, se Cássio apoiar Ricardo, os dois correm um imenso risco de se acabarem juntos”.

 

Essa situação de Cássio, na medida em que possa disputar as eleições, afunila-se na interpretação feita também por outro estrategista político, Nonato Bandeira, para quem “Cássio está condenado a ser candidato”. E, se não for, ai é que o problema é grave.