Cássio delimita terreno

Sérgio Botêlho

Plenário do Senado
Em meio à preparação para a guerra contra seus adversários, especialmente o governador Ricardo Coutinho, do PSB, o senador Cássio Cunha Lima, com plenos poderes sobre o PSDB paraibano, outorgado pela cúpula nacional e pelas bases, no estado, resolveu subir o tom de suas críticas a companheiros que não lhe acompanharam.
Como se sabe, parcela de seus aliados, entre os quais tem destaque o vice-governador Rômulo Gouveia, do PSD, decidiu permanecer com Ricardo, após o cisma que desfez a aliança mantida entre tucanos e socialistas, colocando os dois partidos em campos opostos na luta pelo governo estadual, agora, em outubro de 2014.
Na última sexta-feira, 04, em Campina Grande, Cássio discursou para correligionários e aproveitou para fincar as balizas que delimitam a trincheira que ocupa e a do adversário. “O povo é sábio e sabe distinguir quem merece chegar a uma prefeitura, e quem não merece chegar a uma prefeitura”, disparou Cássio.
Foi taxativo, também, um pouco antes, quando enfatizou: “Aqueles que são amigos de verdade se comportam como Romero tem se comportado”. Estava se referindo, neste caso, a seu primo, Romero Rodrigo, do mesmo PSDB de Cássio, que venceu o último pleito para prefeito de Campina Grande, sendo o atual titular do cargo.
Antes da vitória de Romero, o atual vice-governador Rômulo Gouveia foi derrotado duas vezes para a Prefeitura de Campina Grande, nas eleições de 2004 e 2008, quando perdeu, em ambas as oportunidades, para o líder peemedebista campinense, Veneziano Vital do Rego, que será o outro adversário de Cássio, este ano.
Ao reclamar assim tão publicamente, e jogar farpas tão claramente dirigidas, Cássio pode estar antecipando o discurso que fará, durante a campanha, provavelmente colocando os interesses campinenses acima dos interesses pessoais de outro qualquer filho da terra, entre os quais, obviamente, pode Rômulo estar mais claramente citado, lá na frente.
Com o peso que tem Cássio em Campina, e com o evidente campinismo que cerca qualquer pleito na Serra, pode a situação de Rômulo ficar difícil na cidade, no seu propósito de se eleger Senador da República na chapa socialista comandada por Ricardo Coutinho.
A não ser que essa mesma consciência campinista resolva despejar votos em Cássio e Rômulo, estabelecendo uma coligação furtiva, mas, eficaz. O que pode valer também para outro tipo de voto na Serra: Veneziano e Rômulo. Caso isto ocorra, o discurso de Cássio se esvairá no terreno concreto do pensamento campinista.
Talvez, por isto, Rômulo Gouveia esteja, ao menos aparentemente, tão tranquilo.