Cássio cobra atuação mais eficiente da CPI

Nonato Guedes

Desapontado com a recusa do contraventor Carlos Augusto Ramos, “Carlinhos Cachoeira”, em prestar informações à CPMI que investiga ligações dele com agentes públicos e privados, o senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) sugeriu que a Comissão busque outros meios para otimizar o andamento dos trabalhos. O empenho do parlamentar tucano é voltado para o desvendamento da atuação da construtora Delta, apontada como suspeita de celebrar contratos irregulares para a execução de obras públicas. Cássio apoiou a sugestão da senadora Kátia Abreu, do PSD do Tocantins, para o encerramento da sessão de quase três horas, ontem, na qual “Carlinhos Cachoeira” silenciou diante de uma série de perguntas dos parlamentares da CPI.

O comportamento do bicheiro irritou vários parlamentares, como o senador gaúcho Pedro Simon, do PMDB, que qualificou de “CPI de mentirinha” a Comissão instaurada no Congresso. ‘Cachoeira’ foi acusado de debochar dos integrantes do Legislativo por ter dito, insistentemente, que só se pronunciará na Justiça, em Goiás, até o fim do mês, após o que estará à disposição da CPI. Essa manifestação, que foi orientada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos, alimentou a desconfiança de que “Cachoeira” não vai depor no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Cássio avalia que é mais sensato para a CPI concentrar energias na investigação da Delta, rastreando seus tentáculos por diversos Estados.

O próprio presidente da CPI, o senador Vital Filho (PMDB-PB), chegou a admitir que está muito lento o ritmo de trabalho da Comissão, que não conseguiu aprofundar a pauta fixada previamente, envolvendo a tomada de depoimentos. Governadores mencionados no curso da apuração já foram desobrigados de prestar informações, mas a negativa de “Cachoeira” foi o ponto que acirrou mais ainda os ânimos de senadores e deputados federais, alguns dos quais reclamaram do “teatro” montado pelo contraventor. Carlos Augusto Ramos demonstrou convicção na decisão de nada falar aos congressistas e exibiu sorrisos irônicos durante todo o tempo em que permaneceu no prédio do Parlamento. Acabou sendo dispensado e voltou ao presídio da “Papuda” no Distrito Federal.

O senador Vital foi questionado pela imprensa, também, sobre a existência de funcionários fantasmas no seu gabinete, conforme matéria publicada pelo jornal “Folha de São Paulo”. Num primeiro momento, alegou desconhecer o fato. Depois, anuiu que possa haver alguma irregularidade. Foi quando deixou claro que tomará as providências cabíveis para sanar as irregularidades no próprio gabinete. Aliados de Vital já o preveniram quanto ao monitoramento a que ele está sujeito em virtude dos passos que vier a empreender à frente da CPI. O próprio parlamentar paraibano confidenciou a interlocutores de sua confiança que a direção dos trabalhos é o maior desafio que já encontrou na sua trajetória de homem público, mas se disse disposto a dar a volta por cima e tomar medidas para que haja um avanço, evitando a desmoralização da CPI perante a sociedade.